A Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e Pescoço (ACBG Brasil)
realiza, neste mês de julho, a 7ª Campanha Nacional de Prevenção do
Câncer de Cabeça e Pescoço. Em abril do ano passado, a Lei 14.328
oficializou o período como Mês Nacional de Combate a esse tipo da
doença. A campanha pretende conscientizar a população sobre a
importância do autocuidado e do diagnóstico precoce, de modo a evitar o
crescente número de óbitos e mutilações graves que comprometem funções
vitais dos pacientes, como a fala, respiração, alimentação, visão, audição e
cognição.
A assessora jurídica da ACBG Brasil, Ana Paula Guedes Werlang, disse à
Agência Brasil que a campanha chama a atenção da população para esse
câncer, que é pouco falado e, por isso, não tem abertura para as pessoas
compreenderem a importância da identificação e do diagnóstico precoce”.
O tema escolhido para a campanha de 2023 é “Seu corpo, suas regras”.
Segundo Ana Paula, a escolha se baseou no fato de que “todo
desdobramento é decorrência da nossa escolha. E, por ser um câncer 80%
curável, um diagnóstico precoce significa que, se fizermos escolhas bem
acertadas, com certeza não faremos parte da estatística de óbitos”.
A ACBG Brasil vai mobilizar uma rede de voluntários para que a
campanha deste ano esteja presente em todos os estados do país, com ações
de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, das quais participarão
pacientes, profissionais de saúde, autoridades e integrantes da sociedade
civil. Pelas redes sociais (instagram @acbgbrasil e facebook @acbgbrasil),
será possível acompanhar as iniciativas e apoiar a campanha, bem como
pelo site da associação.
Voluntário
Vitor Gomes operou um tumor na laringe em 2007, no Instituto Nacional
de Câncer (Inca), órgão do Ministério da Saúde. “Já são 16 anos
laringectomizado. Ainda continuo sendo paciente do Inca”, disse. Ele ficou
dez anos aposentado e voltou a trabalhar este ano, em uma empresa que
presta serviços à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Vitor atua como
voluntário na ACBG Brasil e coordena o Grupo de Acolhimento ao
Paciente Laringectomizado do Rio de Janeiro, também conhecido como
Grupo de Acolhimento a Pacientes com Câncer de Cabeça e Pescoço (GAL
RJ). “Estou superbem, reabilitado, confortável, graças a Deus”, assegurou.
Vitor Gomes lembrou que o objetivo da campanha do Julho Verde é
chamar a atenção das pessoas que acham que uma rouquidão por mais de
15 dias é normal. “Não é. É preocupante, e a pessoa tem que procurar um
especialista”. O mesmo ocorre em relação a uma dor na garganta que é
persistente. “Também é um sintoma clássico (de câncer). Já é um sinal para
você se preocupar. A mesma coisa é quando você tem dificuldade de
engolir”. Gomes reiterou que o autocuidado “é saúde, é sobreviver, é saber
viver com saúde. Um diagnóstico precoce evita mil danos à saúde e o
sofrimento”.
Número crescente
O Inca estima para o triênio 2023/2025 o surgimento de cerca de 40 mil
casos novos de cânceres de cabeça e pescoço por ano, no país. O chefe do
Serviço de Cabeça e Pescoço do Inca, cirurgião oncológico Fernando Dias,
observou que esses dados têm de ser considerados subavaliados, porque o
Registro Nacional de Câncer não consegue listar todos os casos tratados na
rede pública e privada de saúde. Isso ocorre também porque, nas regiões
Norte e Nordeste e em algumas áreas do Sul, existem falhas nessa
comunicação. Por isso, afirmou que as previsões publicadas pelo Inca são
mais reflexo da realidade na Região Sudeste e não do Brasil como um todo.
“A gente tem sempre que considerar esses números subavaliados. É bem
mais do que isso, muito provavelmente”.
Segundo o médico, como grande parte dos brasileiros não tem acesso à
informação, o Julho Verde visa a disseminar as formas de prevenção, os
sinais e sintomas que levam à suspeita desses tumores, que vão permitir um
diagnóstico precoce. Dias destacou que no final da década de 70, para a
grande maioria dos diagnósticos de câncer de boca, 70% dos pacientes
encaminhados para o Inca já estavam com sintomas avançados da doença.
“No início do novo século, vários trabalhos que foram feitos, inclusive
levantamentos com dados desses registros do Inca, da Fundação
Oncocentro de São Paulo, mostraram que essa realidade não mudou”.
Segundo o especialista, existe muita falta de informação, inclusive entre os
médicos generalistas que atendem nos ambulatórios gerais. “Porque, em
pleno século 21, doentes com câncer de boca, que você não tem a menor
dificuldade em identificar, continuam chegando, em sua grande maioria,
em estado avançado”. Afirmou que tratar um doente em fase inicial da
doença faz toda a diferença. “As chances de controle e de cura são muito
maiores, as consequências do tratamento são muito menores”.
Sinais
O carro-chefe da especialidade no Inca é o tratamento de tumores da área
chamada de trato aerodigestivo superior, que envolve boca, faringe (ou
garganta) e a laringe, onde estão as cordas vocais. “Qualquer ferida na boca
ou na garganta que perdura por mais de 15 dias tem que ser vista por
alguém que vai avaliar e, em última análise, fazer biópsia”. Em relação à
laringe, o sinal mais frequente é a rouquidão. Qualquer tipo de alteração
nas cordas vocais vai alterar o padrão de voz do paciente. Em momento
posterior, se o câncer estiver mais avançado, o doente vai começar a sentir
falta de ar ou, se a lesão também acometer a faringe, ele pode ter
dificuldade de deglutir, ou seja, dor ao deglutir e dificuldade de engolir.
“Essas coisas todas chamam a atenção”.
Outro sítio comum de tumores é a pele exposta: a pele da face e do couro
cabeludo, principalmente se o paciente for calvo. Tendo em vista que o
Brasil é um país próximo ao trópico, onde a população vive exposta às
radiações solares e muita gente anda sem proteção, qualquer tipo de ferida
ou nódulo na pele que não existia tem que ser visto por um especialista, no
caso um dermatologista.
Quanto ao tumor de tireoide, glândula localizada na parte anterior do
pescoço, Fernando Dias destacou que nos anos recentes foi inserido no
check up um exame importante para avaliar alterações nesse órgão, que é o
ultrassom. Além de ser um exame de baixo custo, o ultrassom pode ser
realizado em qualquer situação do paciente. Esse exame fez com que se
entendesse que a doença nodular da tireoide, que é a manifestação principal
do câncer da tireoide, era mais frequente do que se imaginava. O ultrassom
permite que os nódulos sejam diagnosticados até antes deles serem
clinicamente identificáveis.
O nódulo desse tipo de câncer cresce muito lentamente entre os 20 e os 55
anos de idade e não interfere na função da glândula. Os sinais que podem
elevar a suspeita de um nódulo na tireoide é que ele apresente crescimento
desproporcional em período relativamente curto ou um nódulo que
metastiza para os gânglios linfáticos do pescoço, e o paciente percebe que
tem também caroços nessa região.
Fatores de risco
Em todos os tipos de câncer de cabeça e pescoço, a solução indicada é a
cirurgia, principalmente, disse Fernando Dias. O chefe do Serviço de
Cabeça e Pescoço do Inca disse que a grande ênfase que deve ser dada à
campanha do Julho Verde é o combate aos fatores de risco aos cânceres
dessas regiões, que são o tabagismo e o etilismo (consumo de álcool),
associados à má higiene oral, ou má conservação dos dentes, e má
alimentação. Dias comentou que a boa alimentação deve privilegiar o
consumo de carne branca, principalmente de peixe, a chamada carne
magra, além de frutas, legumes e verduras. “Essa é uma alimentação que
vai conter determinadas vitaminas e determinadas substâncias que exercem
papel protetor na mucosa como um todo”.
Dois tratamentos hormonais para endometriose estarão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda em 2025. O dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel (DIU-LNG) e o desogestrel impedem o crescimento do endométrio fora do útero.
As portarias que determinam o oferecimento dos medicamentos foram publicadas em 29 e 30 de maio, autorizando a indicação e distribuição de DIU-LNG e o desogestrel respectivamente. A partir dessas datas, o SUS tem até 180 dias para viabilizar gratuitamente os tratamentos.
Entenda a endometriose e seus sintomas
A endometriose é uma doença inflamatória crônica que acontece quando tecido semelhante ao endométrio — a camada que reveste o útero por dentro — cresce fora do útero, onde não deveria estar.
Esse tecido pode se implantar nos ovários, trompas, bexiga, intestino, diafragma e até em locais mais distantes, como os pulmões. Mesmo fora do útero, esse tecido reage ao ciclo menstrual: engrossa, sangra e inflama, mas não tem por onde sair, o que causa dor, inflamação e, em alguns casos, infertilidade.
Os sintomas incluem cólicas menstruais severas, dores abdominais fora do período menstrual, dores nas relações sexuais e sintomas intestinais e urinários. Também pode afetar a fertilidade da mulher.
Como funcionam as novas tecnologias:
• DIU-LNG: o dispositivo intrauterino liberador de levonorgestrel suprime o crescimento do tecido endometrial fora do útero. É indicado para mulheres com contraindicação ao uso de contraceptivos orais combinados (COCs). Como sua troca é necessária apenas a cada cinco anos, favorece a adesão ao tratamento e pode melhorar a qualidade de vida das pacientes.
• Desogestrel: é um anticoncepcional hormonal que atua principalmente inibindo a ovulação. Ao bloquear a atividade hormonal, ajuda a impedir o crescimento do endométrio fora do útero. Pode ser prescrito já na fase de avaliação clínica, antes mesmo da confirmação diagnóstica por exames de imagem.
Apesar de contraceptivos, o SUS só está autorizado a prescrever os medicamentos para casos de endometriose. Não há qualquer indicação de prescrição como métodos de prevenção à gestação.
Para contracepão, os medicamentos oferecidos gratuitamente pelo sistema de saúde são o dispositivo intrauterino (DIU) de cobre, anticoncepcionais injetáveis, minipílula, pílula combinada, diafragma, pílula de emergência e preservativos masculinos e femininos.
A endometriose atinge entre 5% e 15% das mulheres em idade reprodutiva, segundo o Ministério da Saúde. No mundo, o número fica em torno dos 10%, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), totalizando mais de 190 milhões de pessoas.
As causas da doença ainda não são totalmente conhecidas. As hipóteses apontadas por médicos envolvem fatores genéticos, hormonais, imunológicos e a chamada menstruação retrógrada — quando o sangue menstrual reflui pelas tubas uterinas em direção à cavidade abdominal.
(Por G1/Edição Folha)
A tão aguardada vacina contra a dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan, poderá estar disponível para uso em larga escala no início de 2026. A informação foi confirmada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante entrevista ao programa Bom Dia, Ministro, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Atualmente, o medicamento passa por análise rigorosa da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que tem solicitado dados adicionais ao Butantan. Segundo Padilha, as respostas estão sendo fornecidas com agilidade para garantir a conclusão do processo ainda em 2025.
"A nossa expectativa é terminar toda essa avaliação para que se possa ter essa vacina disponível no começo do ano que vem", declarou o ministro.
Queda nos casos, mas com atenção redobrada
De acordo com o Ministério da Saúde, os casos de dengue caíram mais de 70% em 2025 em relação a 2024, e os óbitos também apresentaram queda de mais de 80%. No entanto, o estado de São Paulo registrou aumento na circulação do vírus, concentrando boa parte dos casos e mortes.
Próximas ações
O ministro destacou que os meses de junho e julho marcam o fim do período de maior transmissão da doença. A partir de agosto e setembro, estados e municípios devem reforçar as ações de prevenção, controle e informação à população, antecipando-se ao novo ciclo, que costuma ter pico entre janeiro e maio.
Parceria estratégica
Padilha reforçou o compromisso da parceria entre o Instituto Butantan e a Anvisa para garantir que a vacina esteja pronta, segura e registrada até o fim de 2025, possibilitando sua inclusão em um amplo programa nacional de imunização já em 2026.
Por Agência Brasil
Celebrando hoje os 90 anos de sua fundação mundial, o Alcoólicos Anônimos (AA) no Brasil observa um crescimento notável na participação feminina, especialmente após a pandemia. O número de reuniões exclusivas para mulheres aumentou em mais de 40%, consolidando o AA como um porto seguro para muitas que buscam a sobriedade.
Para uma das entrevistadas que fazem parte do grupo do AA a terça-feira (10) marca uma data importante: cinco anos de sobriedade. Em 2020, durante a pandemia, ela se deparou com uma reportagem sobre os 85 anos do AA e, sentindo-se identificada, decidiu buscar ajuda. "Naquele dia, acordei e comecei a beber pela manhã. Eu estava passando por muitos problemas. Era pandemia", relata, descrevendo como a dependência se instalou após uma separação.
O Poder da Partilha e do Anonimato
Várias mulheres encontraram nas reuniões do AA, uma "irmandade" de pessoas com o mesmo problema, o apoio necessário para mudar sua vida. "Sirvo a mulheres que estão em situações de vulnerabilidade como eu estava", afirma uma das mulheres que participam do AA.
Segundo dados do AA, o número de reuniões de composição feminina aumentou em 44,7% entre o período pré e pós-pandemia. Atualmente, são cerca de 65 reuniões online e presenciais dedicadas a mulheres, com participação de todo o país.
Visibilidade para o Alcoolismo Feminino
Lívia Pires Guimarães, psicóloga e presidente da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos do Brasil (JUNAAB), explica que o uso de álcool por mulheres é frequentemente subnotificado e invisibilizado devido ao estigma social. "Quando é uma mulher, esse estigma aumenta e é carregado de adjetivos pejorativos. O ambiente em que a mulher costuma beber frequentemente é sua casa. Então, fica invisibilizado", avalia.
No entanto, a pandemia e a oferta de reuniões virtuais abriram um novo caminho para as mulheres acessarem a Irmandade. "A partir do contato online, começaram a ir para o presencial também, ou permanecer nos dois. E aí o movimento começou a aumentar", observa Lívia. A possibilidade de reuniões virtuais, que antes gerava cautela devido ao anonimato um dos pilares do AA, provou-se essencial para ampliar o alcance do serviço.
Histórias de Superação
A Irmandade do AA, criada nos Estados Unidos em 1935, não cobra nada para participar das reuniões. A premissa é simples: pessoas compartilham suas experiências para ajudar umas às outras a se recuperar do alcoolismo.
Celebrando hoje os 90 anos de sua fundação mundial, o Alcoólicos Anônimos (AA) no Brasil observa um crescimento notável na participação feminina, especialmente após a pandemia. O número de reuniões exclusivas para mulheres aumentou em mais de 40%, consolidando o AA como um porto seguro para muitas que buscam a sobriedade.
Para uma das entrevistadas que fazem parte do grupo do AA a terça-feira (10) marca uma data importante: cinco anos de sobriedade. Em 2020, durante a pandemia, ela se deparou com uma reportagem sobre os 85 anos do AA e, sentindo-se identificada, decidiu buscar ajuda. "Naquele dia, acordei e comecei a beber pela manhã. Eu estava passando por muitos problemas. Era pandemia", relata, descrevendo como a dependência se instalou após uma separação.
O Poder da Partilha e do Anonimato
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