Pequeno, silencioso e quase imperceptível, o carrapato-estrela — também conhecido cientificamente como Amblyomma — pode carregar uma das doenças mais letais do país: a febre maculosa. Presente em áreas verdes e até mesmo em parques urbanos, o parasita atua como vetor da bactéria Rickettsia, responsável por infecções graves que, se não tratadas a tempo, podem levar à morte.
“A febre maculosa é uma doença que exige atenção imediata. Muitas vezes, os sintomas iniciais se confundem com outras viroses, e isso atrasa o tratamento. Quanto mais cedo o antibiótico é iniciado, maiores são as chances de cura”, explica a infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil teve 2.157 casos confirmados ao longo de 10 anos, 36% deles registrados em São Paulo. Considerando apenas as mortes, municípios paulistas concentraram 62% do total (467 óbitos). As regiões sul e sudeste registram o maior número de casos.
A infectologista Rosana Richrmann reforça a importância de retirar o carrapato assim que perceber a presença dele no corpo de uma pessoa.
"Como não é possível identificar visualmente se um carrapato está infectado, recomenda-se removê-lo o mais rápido possível, pois estima-se que ele precisa estar em contato com o corpo humano por pelo menos quatro horas para transmitir a bactéria [através da picada]."
Como ocorre a transmissão
Rosana salienta que nem todo carrapato transmite a doença, "mas é impossível saber a olho nu quais estão infectados". O risco aumenta quando o parasita permanece preso ao corpo por mais de quatro horas.
A recomendação é removê-lo o quanto antes, com o auxílio de uma pinça, segurando-o pela cabeça, próximo à pele.
Após a retirada, o correto a se fazer é colocá-lo em um recipiente com álcool para eliminação segura, e o local da picada precisa ser higienizado. Não é correto esmagar ou queimar o carrapato porque pode aumentar as chances de transmissão.
A febre maculosa é mais comum no outono e no inverno, e regiões como Campinas (SP) concentram alta densidade de carrapatos infectados. Capivaras, cavalos, cães e gambás servem de hospedeiros, funcionando como amplificadores da bactéria. Os animais silvestres geralmente não adoecem, mas contaminam novos carrapatos ao longo da vida —caso estejam infectados.
Para os cães pode ocorrer a transmissão de bactérias e protozoários causadores da Erliquiose e Babesiose, causando anemia no animal.
Principais sintomas e tratamento
Febre alta, dor de cabeça, manchas avermelhadas na pele, vômitos e dores musculares estão entre os principais sinais. Quem teve contato com carrapatos deve observar o corpo por até 14 dias. Caso os sintomas apareçam, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, mesmo sem confirmação laboratorial.
“A gravidade da febre maculosa está justamente na demora do diagnóstico. É uma doença que pode evoluir rapidamente, mas tem tratamento eficaz quando identificado cedo”, reforça Richtmann.
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