Com os escândalos de corrupção levantados pela Operação “Lava Jato” e o enfraquecimento dos dois grandes polos políticos brasileiros, representados por PT e PSDB, um quadro de insegurança se instalou entre o eleitorado e acaba de gerar um novo fenômeno: a evasão dos jovens das urnas.
Dados divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) mostram que o número de eleitores entre 16 e 17 anos caiu 57% desde as últimas eleições, em 2016, e é o menor nos últimos 29 anos.
Atualmente, o Estado conta com 112.868 jovens que vão às urnas, uma queda de 74% em relação a 1989, quando havia 420 mil votantes nesta faixa-etária.
Os números de eleitores por faixa etária foram levantados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e consideram a idade do eleitor no dia do primeiro turno das eleições 2018.
Para o cientista político Rudá Ricci, o motivo da queda é demográfico, causado pelo envelhecimento da população, mas também moral.
“Há uma tendência de redução no cadastramento dos jovens, porque eles estão menos politizados e mais frustrados com o sistema de representação. A juventude já colocou muita energia nas ruas, mas viu pouco resultado dos seus esforços”, afirma.
Para reverter a situação, ele comenta, é preciso de mais do que políticas de incentivo. “A história criou desgaste, incompreensão, ressentimento. Para haver engajamento entre os jovens como houve no passado, é preciso que ocorram mudanças efetivas, os novos representantes têm de se organizar, entrar e alterar a estrutura política do país. Não é só se filiar a partidos, é trazer um pensamento novo, fazer diferente”, acredita.
Envelhecimento
Se o número de eleitores jovens teve queda, o de pessoas com mais de 70 anos aumentou. São 1.523.084 eleitores (9,7% do total) que pretendem votar em 2018. Em 2016 eram quase 1,4 milhão.
O dado vai ao encontro da projeção do IBGE, divulgada em 25 de julho, que coloca Minas entre os estados com maior índice de envelhecimento da população. Com a menor taxa de fecundidade do país, a média de filhos por mulher em idade reprodutiva é inferior a duas crianças. Até 2060, segundo a pesquisa, um quarto da população do Brasil (25,5%) deverá ter mais de 65 anos.
Por Hoje em Dia/Edições Folha
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