Mas a prioridade é a filha do casal. Há uma semana, a pequena estava com vários sintomas, principalmente febre. Foi quando a mãe decidiu levá-la, na sexta-feira (4), ao pronto socorro do hospital regional. Desse atendimento, a mãe conta que começaram a surgir os primeiros diagnósticos. “O clínico geral disse que ela estava com infecção de garganta, medicou e voltamos para a casa”, conta a mãe.
Mas os medicamentos não resolveram. Durante todo o final de semana, a febre não deu trégua e por isso, na madrugada de domingo, voltaram ao pronto socorro e dessa vez, a menina foi atendida por um ginecologista. “Ela não foi bem examinada. Colocaram ela no soro, fizeram um raio-x e logo pela manhã o médico chegou com o diagnóstico de bronquite e nos mandou de volta para a casa”.
O principal questionamento da mãe é porque a filha não foi encaminhada para um pediatra, já que existe o plantão para os pacientes do hospital e no PSF do bairro onde mora, não há atendimento pela especialidade, assim como em todos da cidade.
Cansada de esperar e vendo os sintomas aumentarem, Viviane e o esposo encontraram uma alternativa para pagar a consulta particular com um médico pediatra. Com isso, as próximas contas que seriam pagas com o dinheiro, terão que esperar um pouco mais.
“Não podíamos mais arriscar. A vida dela é prioridade, então demos um jeito de pagar uma consulta para não ficar nesse leva e traz e com diagnósticos e medicamentos que não resolviam”, desabafa a mãe.
Na consulta particular, ainda com os mesmos sintomas, a filha de Viviane teve outro diagnóstico, no qual a família acredita, já que foi dado por um especialista. “Ele falou que ela está com inchaço nas amígdalas e adenóide. Olharam a garganta dela no hospital e não viram isso. O médico particular disse que ela pode estar com alguma alergia e por isso fazer um teste alérgico que também será pago, porque já procurei saber e não tem cobertura pelo SUS”.
Em Guanhães, segundo informações da Coordenadora Municipal de PSF, Claudiana de Azevedo, dois pediatras ficam de plantão no hospital regional para os atendimentos encaminhados pelos clínicos do primeiro atendimento. Já nos PSF’s, a enfermeira diz que a lei não obriga a contratação do especialista.
“Em cada PSF, trabalhamos com uma equipe mínima, que é clínico geral, enfermeiro, agente comunitário de saúde e auxiliar de enfermagem. Somente no hospital temos pediatras de plantão. Mas o primeiro atendimento do clínico, se ele julgar necessário ou tiver alguma dúvida, é que aciona o especialista”, explica Claudiana.
Sobre a contratação de um pediatra para atender as demandas dos PSF’s, a Coordenadora diz que, apesar da não obrigatoriedade, a Secretaria já tentou contratar, mas não encontrou médicos interessados em ocupar a vaga. “O problema todo, não só em Guanhães, mas em todo o Brasil, é que há falta de especialistas em Pediatria. Já divulgamos edital, mas ninguém se interessa”, alega.
Questionada sobre uma nova alternativa a ser tomada pelo município para sanar a demanda de reclamações de pais em Guanhães, Claudiana diz que a conduta é do clínico geral e que não podem intervir. “Se eles atendem e acham que estão com o diagnóstico correto, não podemos questionar. Eles já estão orientados a acionar o pediatra de plantão em situações de dúvidas ou em casos em que não estão aptos a resolverem”.
Com todo esse impasse, Viviane faz mais um desabafo, em nome de muitas famílias guanhanenses que dependem do atendimento público. “A nossa cidade é tão grande, com tantas crianças, e não temos um pediatra para os PSF’s. Isso é um descaso. Vi a gravidade do caso só agora, após ver a impotência que temos em não saber o que fazer. Fiquei desesperada”.
Por Samira Cunha
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