O G1 teve acesso ao relatório do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) que detalhou como criminosos usavam de funcionários “fantasmas” para desviar dinheiro da prefeitura de Belo Oriente (MG). Segundo o relatório, cerca de 89 pessoas se beneficiaram do esquema criminoso e é estimado que o esquema causou um rombo de R$ 800 mil aos cofres públicos.
No documento, os investigadores detalham que os suspeitos de comandar o esquema nomeavam pessoas para cargos dentro da prefeitura, sem mesmo ter competência para executar a função. Algumas dessas pessoas tinham conhecimento do esquema, outras não.
Servidor ocupou sete funções
Entre os vários casos apurados na investigação, se destaca de um servidor que em um período de quatro anos ocupou sete funções dentro do Executivo.
O homem supostamente teria exercido as funções de advogado, diretor, vigia e gerente de departamento de diferentes setores. Segundo o Gaeco, foi constatado que este servidor, além de não ter competência comprovada para as funções, é analfabeto, não sabendo inclusive assinar seu próprio nome.
Outro detalhe é que em alguns registros o suposto servidor apareceu como funcionário efetivo, porém aos investigadores ele alegou nunca ter feito concurso público.
No relatório o Gaeco deixa claro que o homem não tinha nenhuma ligação com o esquema. Os vencimentos do funcionário "fantasma" eram depositados em uma conta bancária que pertencia a uma servidora da prefeitura de Belo Oriente; só nesse caso o desvio calculado foi de R$ 12.725,56.
O Gaeco começou a investigar o caso após a Câmara Municipal ter apurado as ilegalidades, quando uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) tramitou na Casa. O relatório final que apontou as ilegalidades foi aprovado no final de novembro de 2016.
Entenda o caso
Em dezembro o Gaeco deflagrou a primeira fase da operação Perfídia, que investiga os desvios de recursos na prefeitura de Belo Oriente. Nesta fase, três pessoas foram presas. Já nesta terça-feira (24), a polícia cumpriu outros cinco mandados de prisão em uma segunda fase da operação; cinco pessoas continuam foragidas.
O G1 fez contato com o funcionário "fantasma" citado nas investigações da Gaeco. Ele afirmou que é analfabeto e que nunca prestou serviço para a prefeitura de Belo Oriente. O ex-prefeito da cidade na época em que os crimes foram cometidos, Pietro Chaves (PDT), não foi citado no relatório do Gaeco.
Por G1
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