De família humilde, nascido e criado ao lado dos seus 10 irmãos, no Alvorada, um dos bairros carentes de Guanhães, Janilton Santos da Cruz, de 27 anos, ainda criança, não sabia que as salas de aula seria a porta para a transformação da sua vida.
E é assim que começa essa história de determinação e exemplo. “Sempre estudei em escola pública e minha família nunca teve condições de nos proporcionar um ensino privado, nem tão pouco materiais básicos para estudar. Perdi meu pai no ano de 2000, quando tinha 10 anos e como passávamos dificuldade, comecei a trabalhar aos 14 anos, em um supermercado, onde lá fiquei por quase 10 anos”.
Durante os anos de trabalho, além de ajudar nas despesas da casa assim como alguns dos irmãos, Janilton, poupava parte do dinheiro, já que acreditava que num futuro próximo, seria bem investido. “Sempre soube do meu potencial e sabia onde poderia chegar. Em 2008, concluí o ensino médio e comecei a sonhar. Com o dinheiro que juntei, pensei em adquirir algum bem material, porém, percebi que o mais importante naquele momento era um investimento em mim por meio de qualificações”.
E a boa notícia veio logo: “estudei para o vestibular e passei em uma das mais qualificadas Universidades privadas do País, fui aprovado no curso de Direito em uma boa colocação. Na minha família, fui o primeiro a entrar na faculdade, sei que eles não tiveram a mesma oportunidade, fiquei muito feliz com essa benção”, contou com alegria.
Mas como os desafios, e muitas vezes, às dificuldades fazem parte do caminho para a conquista, o jovem guanhanense teve que se reorganizar, já que a principio, não tinha obtido nenhuma bolsa do governo, e teria que arcar com a mensalidade do curso e gastos extras, como transporte, alimentação e material escolar.
“Comecei a estudar no segundo semestre de 2010, viajava de Guanhães a Serro todos os dias, rodava 120 km diariamente. Nesse período, encontrei diversas pessoas para me desanimar, pessoas que falavam que não iria dar conta, que era muito cansativo, que os livros eram grandes, que é um curso que se estuda muito, que iria perder minha vida social, sem contar o tempo de curso, 5 anos, mas ignorei, sabia que minha força de vontade era maior do que qualquer dificuldade e com a ajuda de Deus tudo daria certo”.
E foi isso que ele fez. Já que trabalhava de manhã até o fim da tarde, estudava a noite e chegava em casa às 0h, o tempo que tinha entre os intervalos, no veículo que o transportava, no horário de almoço, nos finais de semana e muitas vezes de madrugada, Janilton dedicou aos estudos.
“Os anos se passaram e fui vencendo cada semestre. Ao todo são 10 períodos e no 9º precisei sair do Serro e ir para Belo Horizonte para terminar o curso, por isso larguei o serviço e a família. Em junho do ano passado (2015) voltei para Guanhães com sensação de dever cumprido, passei em todas as matérias, nunca tive uma média de aprovação tão alta em todo meu curso”, compartilhou.
Contudo, o guanhanense e bacharel em direito, tinha um novo desafio, a aprovação OAB (Ordem dos Advogados Do Brasil). “Novamente, muitas pessoas tentaram me desanimar, falavam que a prova é muito difícil, que colegas formados há anos não conseguiram passar e que eu correria o mesmo risco. Confiante, logo depois que me graduei, realizei o Exame, composto por duas etapas, e fui aprovado nas duas. Para aumenta minha felicidade, aceite o convide da Instituição de ensino Colminas para lecionar Direito Empresarial”.
Hoje, Janilton, que recebeu, juntamente com outros colegas de profissão, sua carteira em uma solenidade realizada no dia 26 de fevereiro, no Fórum de Guanhães, só tem a agradecer: “para a honra e Glória do Senhor, sou Professor e Advogado e sei que posso ir ainda mais longe”, revelou e ainda compartilhou que na próxima semana vai realizar mais um sonho, a inauguração do seu próprio escritório.
Janilton também se tornou inspiração para os irmãos, uma das irmãs está concluindo o superior, outra já finalizou um curso técnico, e as caçulas da casa iniciaram o Magistério.
A mensagem final do jovem exemplo é de incentivo. “A sensação é de dever cumprido, de conclusão de um ciclo. Não foi uma conquista da noite pro dia, e sim de muitos sacrifícios e desafios. E aos que não acreditam, saiba que tudo depende do nosso sonho e não do lugar de onde você veio, é preciso ter um objetivo de vida e buscar meios para alcançá-los”.
O advogado também deixou claro que as escolhas também devem ser feitas. “Sempre existe o outro lado, que é caminho das drogas da marginalidade, mas você pode escolher. Pessoas pra te desmotivar, pra fazer com que você pense que não vai conseguir, que não é capaz, também estarão por perto, mas sua vitória só depende de você mesmo”, finalizou.
Por Folha
Foto: Folha
Deixe um comentário