De 15 de março a 16 de agosto, a situação econômica do país e a política do governo da presidente Dilma Rousseff só pioraram. Motivos suficientes para que os cidadãos que já haviam tomado as ruas naquele primeiro protesto voltassem a gritar com ainda mais força por toda a parte do país.
Mas, com um foco mais definido no pedido de saída da presidente, seja com um impeachment ou a renúncia, e a menor presença de radicais pedindo rupturas democráticas, a quantidade de gente nas ruas diminuiu.
Os números exatos são imprecisos, já que não houve estimativa oficial no Rio de Janeiro, uma das cidades com maior adesão. Nas outras, quase 900 mil pessoas foram contabilizadas. Ainda que o total seja bem inferior aos 2,4 milhões de manifestantes de março, superou as 700 mil pessoas que foram às ruas em 12 de abril, no segundo grande protesto.
De toda forma, o Palácio do Planalto respirou mais aliviado após uma semana de boas notícias no campo da Justiça, com decisões favoráveis no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no Tribunal de Contas da União (TCU) e no Supremo Tribunal Federal (STF), vindas depois de um rearranjo político com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB).
Ao contrário do prometido, Renan não chegou a ser alçado a inimigo geral da nação ao lado de Dilma e Lula, um alvo muito mais frequente nesta do que nas manifestações anteriores.
O senador peemedebista até recebeu sua parcela de protestos, mas nem de longe se tornou protagonista. Da mesma forma, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, inimigo número 1 da presidente, recebeu tímidos apoios entre os manifestantes.
Estrela mesmo nos cartazes e faixas de apoio foi o juiz Sérgio Moro, responsável pela operação Lava Jato. Ainda que não seja dele qualquer decisão acerca do futuro dos que possuem foro privilegiado, como deputados, senadores e, eventualmente, a presidente da República, os manifestantes demonstraram colocar nele as esperanças de um país menos corrupto.
Além dele, o procurador geral da República, Rodrigo Janot, responsável por denunciar os políticos envolvidos no esquema criminoso, também foi exaltado.
Embora a crise econômica e, em consequência, o pacote fiscal, também tenham sido lembrados por manifestantes, a pauta da necessidade de combate à corrupção e as críticas direcionadas ao PT e às suas lideranças praticamente monopolizaram os atos realizados ontem.
Diferença em relação aos protestos anteriores também pôde ser notada na presença mais ostensiva dos políticos de oposição. Incluindo o senador Aécio Neves (PSDB), hoje principal porta-voz tucano na escalada contra o governo, as lideranças mais relevantes da oposição fizeram questão de comparecer dessa vez. Foi assim com Aécio em Belo Horizonte e com os senadores tucanos José Serra e Aloysio Nunes Ferreira em São Paulo e Brasília, respectivamente.
Na capital paulista, de acordo com a Polícia Militar, foram 350 mil pessoas nas ruas. O Datafolha calculou em 135 mil pessoas nas ruas ontem. Em Belo Horizonte, foram 6.000 pessoas na Praça da Liberdade, de acordo com a Polícia Militar, mesmo número de abril e um quarto do registrado em março. Os manifestantes, no entanto, calcularam em 15 mil o número de presentes no ato da capital mineira.
Os protestos atingiram quase 200 cidades em todos os Estados e também foram registrados no exterior, em cidades como Londres, Paris e Lisboa.
Por O Tempo Edição Folha
Foto Em Brasília, a polícia calculou em 25 mil o número de manifestantes, embora os organizadores tenham falado em 55 mil
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