O Sistema Único de Saúde (SUS) deve disponibilizar até o ano que vem um novo medicamento que promete impedir a contaminação pelo vírus HIV.
Os efeitos da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) vêm sendo analisados e já fazem parte da pesquisa realizada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) chamada “Aceitabilidade e Motivação para o Uso da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) em Corte de Homens que Fazem Sexo com Homens”, sob a coordenação da médica Marise Fonseca.
Os estudiosos explicam que o uso do remédio, destinado a pessoas não infectadas, bloqueia o ciclo da multiplicação do vírus HIV, impedindo a infecção do organismo.
A preocupação é que o medicamento revolucionário acabe potencializando dois problemas: as pessoas que já não usam a camisinha continuariam não usando, e aqueles que não gostam do preservativo passariam também a não usá-lo, aumentando os riscos de contaminação de outras doenças sexualmente transmissíveis.
A PrEP já é uma realidade nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, onde ela já teve o uso autorizado e destinado a pessoas não infectadas.
Belo Horizonte é uma das três capitais brasileiras – onde tais estudos acontecem. Por aqui, 40 voluntários com HIV negativo, acompanhados pelo Projeto Horizonte – voltado à prevenção do vírus –, estão tomando os antirretrovirais Tenofovir e Lamivudina desde abril.
O tratamento segue até o fim deste mês. Os efeitos dos medicamentos estão sendo analisados. Enquanto isso, 250 homens foram questionados se tomariam o medicamento e quais mudanças eles acham que o remédio traria à vida das pessoas. – as outras são Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo a socióloga Marília Greco, que coordenou a parte psicossocial do estudo, a maioria dos entrevistados disse que tomaria o remédio e que acha ser algo “bacana”, mas há ressalvas. Muitos avaliam ser bem possível que as pessoas deixem de usar a camisinha. “Eles dizem que o medo (da infecção) desapareceria, e que as pessoas cairiam no mundo”, informa Marília.
Alguns entrevistados também creem que, após liberação do remédio, as pessoas abusariam do sexo sem proteção e que iriam “cair na gandaia”. “Eles acham que vai virar Carnaval”, diz a pesquisadora.
Por O Tempo
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