Até onde a lei vai proteger ou amenizar as penalidades para os menores infratores? A pergunta é feita por milhares de brasileiros indignados e cansados de ver autores de crimes bárbaros ficarem livres, porque ainda não alcançaram maioridade para pagar pelos seus crimes nas cadeias, ou pelo menos, com mais severidade.

Quem agora vive esse anseio são os moradores de São Pedro do Suaçuí, cidade de pouco mais de 5.500 habitantes e distante cerca de 70 km de Guanhães. Só na semana que antecedeu ao Natal, foram registrados dois casos de estupro na zona rural e tiveram dois adolescentes como autores.

O primeiro deles foi no dia 22 na localidade de Córrego dos Ferreiras, quando uma mulher foi fazer um favor para um pai que se preparava para viajar. Na ausência do pai, a mulher foi fazer companhia para os filhos dele - uma jovem de 19 anos e um menino de 13.

A mulher levou com ela o filho de dois anos que foi brincar com o menino de 13 na sala, enquanto ela ficou conversando com a jovem, na cozinha. Logo a mãe foi surpreendida pelo choro do filho e correu para ver o que estava acontecendo. Ao ser questionado, o adolescente disse que a criança chorava porque havia caído da moto, mas incomodada com o choro persistente, foi conversar com o filho.

Segundo informações da Polícia Militar, o menino ainda reclamava de dores - o que levou a mãe a tirar o short da criança e ver o sangramento no ânus. Ainda assim, o adolescente insistiu que o menino havia caído.

A mulher pegou o filho e voltou para a casa. No dia seguinte, a criança continuou se queixando de dores, foi então que o levou ao médico da policlínica municipal, que examinou, mas não constatou nenhuma lesão aparente, mas receitou uma pomada e encaminhou para um especialista.

Procurados pela mãe, policiais militares foram até a casa do suposto autor e em conversa com a irmã dele, foram levados para o Conselho Tutelar, onde I.C.S., o adolescente, contou que estava brincando com a vítima na sala em cima de uma moto, mas depois desceu o menor da moto, o colocou em pé em cima do sofá, desceu o short e cometeu o crime.

A ocorrência foi registrada pela Polícia Militar e Conselho Tutelar que anexou a ficha de atendimento médico. Mesmo confessando, o adolescente não foi encaminhado à Delegacia de polícia por não caracterizar mais flagrante. Ele ficou sob os cuidados da irmã.

A segunda família que teve as comemorações de Natal prejudicadas pela violência, vive no Córrego D'antas. Às 13h30 do dia 23, a Polícia Militar foi procurada por uma mãe contando o abuso sofrido pela filha de apenas três anos.

Segundo a mãe, a criança havia feito suas necessidades fisiológicas no quintal da casa da vizinha que chegou procurando a mãe para contar que notou sangue no ânus da criança. Ao ser questionada pela vizinha, a menina contou estava sentindo dores porque que o adolescente A.A.S., de 14 anos, havia forçado a penetração.

Ao ouvir o relato da vizinha, a mãe pegou a filha e levou para o Hospital em Santa Maria do Suaçuí, onde o medico constatou que havia uma lesão no anus da criança, porém não liberou o laudo de corpo de delito, pois só liberaria o documento para a Policia Civil.

A atitude da mãe foi registrar o Boletim de Ocorrência em São Pedro do Suaçuí. Os policiais foram ao Córrego D'antas, acompanhados por conselheiros tutelares e conversaram com o adolescente e a mãe.

A princípio, o adolescente negou ser o autor do estupro, mas depois resolveu dizer a verdade, afirmando que estava num lote quando a menina chegou e sentou em seu colo. O adolescente assumiu os atos ilícitos e ainda detalhou que tirou a calcinha dela e introduziu o pênis no ânus da menina.

A.A.S. disse que essa foi a primeira vez que o fato aconteceu e que foi a menor quem sentou em seu colo, e ainda se defendeu dizendo que nunca havia feito isso com outras pessoas.

O adolescente foi apreendido em flagrante por estupro e encaminhado pela Polícia Militar para a delegacia. Ele está internado num local apropriado para menores infratores e irá cumprir o período de 45 dias.

Por Samira Cunha