Na manhã desta terça-feira, 14, a produção da Folha de Guanhães conversou com Sabrina Leiliane Moura Silva, a jovem de 18 anos, desaparecida desde a manhã do dia 7 de agosto, quando saiu de casa para buscar um livro na escola e não retornou mais.

Segundo o que contou à reportagem, ela foi seqüestrada pelo ex-namorado.

FOLHA: O que aconteceu no dia do seu desaparecimento?

SABRINA: Eu saí de casa para ir à escola e só me lembro de alguma coisa batendo no meu nariz. Quando eu acordei, já estava em Itabira com ele [ex-namorado].

FOLHA: Você sabia que ele estava em Guanhães?

SABRINA: Não. Um dia antes, ele foi à minha casa me pedindo pra voltar, mas eu não aceitei. Então ele foi embora e parecia estar tudo bem. Depois ele ligou pra minha mãe e falou que ia pra Mariana [cidade onde ele reside] pra trabalhar. Ninguém sabia que ele estava em Guanhães.

FOLHA: O que aconteceu quando você acordou em Itabira e percebeu o que estava acontecendo?

SABRINA: Ele me ameaçava o tempo todo. Em Itabira, nós pegamos um ônibus para Mariana. Ele me levou pra casa dele. Lá ele ficou andando comigo o tempo todo, como se eu fosse namorada dele. No dia seguinte, ele percebeu que a polícia estava atrás dele, porque em uma das vezes que saímos, os policiais estiveram lá e arrombaram a casa.

FOLHA: Ele chegou a te agredir ou a mostrar alguma arma?

SABRINA: Ele demonstrava que estava com faca, mas eu ficava concordando com tudo pra não ser machucada. E quando ele viu que a polícia estava atrás, juntou tudo e me levou para o Espírito Santo. Passamos por Guarapari e também em Anchieta, onde ficamos até ontem [segunda-feira, 13/08].

FOLHA: Você entrou no jogo dele?

SABRINA: Isso. Foi a forma que eu encontrei de me defender, fazendo ele pensar que estava tudo bem entre nós. Porque ele falava que nunca mais voltaríamos para Minas, aí eu consegui convencê-lo dizendo que ia continuar com ele e que nada ia me fazer separar dele. E assim a gente voltou pra Mariana.

FOLHA: Como foi o momento que você conseguiu fugir? Você não teve medo?

SABRINA: Não sei se ele faria alguma coisa. Na mesma hora que ele estava muito nervoso, ele dizia também que eu era o amor da vida dele. Então eu arrisquei. Quando chegamos no terminal de Mariana, falei que estava passando mal e pedi pra ir ao banheiro. Na hora que ele ficou de costas, saí correndo, encontrei uma amiga que me levou pra casa dela. Ele me descobriu lá, mas deu tempo de, pelo Facebook, fazer contato com minha tia em Belo Horizonte, porque minha família já tinha ido toda pra lá.

FOLHA: Como ele descobriu você nessa casa?

SABRINA: Eu já morei com ele em Mariana um tempo atrás, então logo ele descobriu onde eu estava. Ele chegou invadindo e quando estava arrombando a casa pra me pegar de novo, a Polícia chegou e pegou ele em flagrante. Minha tia fez contato com a Polícia de Belo Horizonte e com a de Mariana, então, a ação foi rápida e conseguiram prender ele em flagrante pelo sequestro e por invasão de domicílio.

A prisão do ex-namorado de Sabrina Moura aconteceu por volta das 17h desta segunda-feira (13), no Bairro São Sebastião, em Mariana. Segundo informações da Polícia Militar, o homem foi pego quando tentava fugir pelos fundos da casa e ao ser indagado, disse que só estava procurando sua namorada.

Em seguida, os policiais fizeram contato com a proprietária da casa que contou que estava presa com Sabrina, com medo do autor. Os militares ainda conversaram com a vítima que contou que namorou o rapaz durante seis meses e que após o rompimento, recebia ameaças frequentes e detalhou ainda que certa vez ele cortou os cabelos dela com uma faca.

Ainda segundo informações da Polícia Militar, Sabrina contou que a fuga para o Espírito Santo aconteceu depois que ela conseguiu levar o ex até a delegacia para registrar a perda de um documento e que ao retornar para Minas, foi obrigada a ir à delegacia informar que havia fugido de casa para ficar com ele por amor.

Já o suspeito contou outra versão. Segundo ele, os dois fugiram porque a família não estaria aceitando o relacionamento dos dois. Diante dos relatos, a Polícia Militar confirmou a denúncia de desaparecimento através do sistema on line, que apresenta informações de que a família também teria sido ameaçada pelo homem.

Por Samira Cunha