Mas a informação ainda não ajuda muito, já que quem levava a caixa estava com roupa de frio e usava capuz e por isso não pode ser identificada. A testemunha também não estranhou a conduta da pessoa, já que não imaginava o que estava para acontecer.
Poucos minutos depois, uma abrigada da casa, juntamente com uma educadora social, saiu, por volta das 6h. Ao ver a caixa, a educadora pensou que poderia ser um animal, então chamou um homem para ajudá-la. Foi quando descobriram que em meio a uma blusa de lã preta e um lençol velho, estava um bebê, recém nascido, ainda sujo com o sangue do parto.
O momento foi de susto e muita emoção. A educadora começou a tremer e a chorar, pegaram a criança e acionaram a Polícia Militar. “Deixaram a criança na porta do abrigo já de propósito, mas a mãe não precisava ter feito isso. Bastava que ela ligasse para o conselho tutelar e dito que estava tendo uma criança, mas que não queria ficar com ela. Então seria mandada direto para adoção sem o menor problema”, diz Flávia Cristina Alves de Abreu, Coordenadora do Abrigo Feminino Mamãe Dolores, onde o bebê foi abandonado.
Ainda de acordo com a coordenadora, pelos primeiros exames, o bebê foi encontrado com apenas duas horas de vida, aproximadamente, e deve ter sido gerado por nove meses, pois tem excelente formação. Ele passa bem e já tomou as primeiras vacinas. “Ele está muito lindo e bem de saúde. Mas correu muito risco, pois a madrugada estava muito fria naquele dia e com bastante neblina. A caixa que ele foi colocado ainda estava úmida quando nossa funcionária encontrou”, conta emocionada.
Mas o bebê ainda pode ter que esperar por mais um tempo até encontrar uma nova família que possa dar a ele estrutura e afeto. “Infelizmente, a justiça é um pouco lenta, porque mesmo tendo sido abandonado, é preciso esperar que a mãe reconheça a maternidade e faça o registro de nascimento. E então declarar se quer ou não o filho”, explica Flávia.
Caso a mãe assuma a rejeição, os familiares próximos têm chance de ficar com o bebê. Mas o que angustia a coordenadora do abrigo é não saber por quanto tempo esse bebê ainda terá que esperar, já que o prazo de uma criança no abrigo é de seis meses, ou no máximo dois anos para os casos mais urgentes. “Famílias da cidade querem adotá-lo, mas é necessário seguir o cadastro nacional. E é melhor que essa criança tenha logo um novo lar para que receba tudo o que necessita e merece”.
Até o fechamento desta reportagem, nossa produção ainda não havia conseguido informações oficiais pela promotoria de justiça para saber exatamente por quanto tempo o menino terá que aguardar pela manifestação da mãe diante da justiça. E se ela será julgada pelo crime de abandono.
Reincidência
Pode parecer um caso raro, mas segundo Flávia este não é o primeiro abandono de recém nascido na cidade. A coordenadora relembra que quando chegou à cidade, há aproximadamente 30 anos, vários casos aconteceram naquela época. “Nós temos muitas adoções irregulares, pois muitas mães abandonavam suas crianças nas portas de residências e acabaram acolhidas pelas famílias”.
Informações sobre a família dessa criança podem ser repassadas para a Polícia Militar de Capelinha (33-3516-1248) ou para o Conselho Tutelar (33-3516-2840). Denúncias poderão ajudar nos trâmites legais da adoção desse bebê ou encaminhamento dele para um membro da família que queira assumi-lo.
Por Samira Cunha
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