Abusos cometidos na internet estão deixando o mundo virtual para tornarem-se casos reais de polícia.
Em 2014, os crimes de ameaça, estelionato e difamação lideraram o ranking de ocorrências registradas na Delegacia Especializada de Investigações de Crimes Cibernéticos (DEICC) de Belo Horizonte.
A facilidade de acesso à web e a propagação das redes sociais têm facilitado a ação das pessoas que agem de má-fé. De 2012 para 2013, o número de inquéritos relatados aumentou 9,96% na capital mineira, segundo levantamento da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds).
“O usuário, muitas vezes, acha que tudo é liberdade de expressão e nossa constituição realmente defende ela, desde que a opinião de um não fira o direito do outro. Se isso ocorre, passa a ser crime, embora as pessoas acreditem que possam falar tudo”, explica o professor de Direito Digital da Faculdade Cotemig, Lúcio Marcos do Bom Conselho.
Exageros
Segundo o especialista, as últimas eleições presidenciais foram um exemplo claro da falta de limites, que, nas situações menos graves, resultou em amizades desfeitas.
“Foi um absurdo o número de pessoas cometendo injúria e racismo. Atribuo esse comportamento à sensação de impunidade e à falta de conhecimento dos casos em que houve condenações”, relata o professor.
Dentre os exemplos mais marcantes, ele destaca o de uma estudante de Direito, de São Paulo. Inconformada com a reeleição de Dilma Rousseff (PT), ela ofendeu os nordestinos – eleitores da candidata – em uma publicação no Twitter, há quatro anos. Depois de postar a frase “faça um favor a SP: afogue um nordestino!”, ela foi condenada a um ano e meio de prisão por injúria racial, mas a pena foi paga com serviços comunitários.
“O juiz diminuiu a pena dela, por causa da reprimenda social que ela já tinha sofrido. Foi chacoalhada pela sociedade, teve que mudar de faculdade, porque começou a sofrer bullying, e ficou isolada dentro de casa”, relembra Lúcio.
Por Hoje em Dia
Foto: Hoje em Dia
Deixe um comentário