A meta do Comitê Olímpico do Brasil de terminar no top-10 dos Jogos do Rio, não foi cumprida, mas o país aproveitou o fator casa para obter o melhor resultado da sua história e mostrou capacidade de brilhar em modalidades em que não tem tanta tradição.
Com 19 pódios, sendo sete ouros, seis pratas e seis bronzes, o Time Brasil terminou em 12º lugar do quadro na contagem que leva em conta o número total de medalhas, que era o critério almejado pelo COB, e em 13º no ranking que prioriza as medalhas de ouro.
O Time Brasil demorou a engrenar, mas acabou batendo o recorde de medalhas de Londres-2012 (17) e de ouros de Atenas-2004 (5). Os Jogos em casa ficarão sempre na memória do torcedor brasileiro pelo ouro inédito do futebol masculino em pleno Maracanã, as lágrimas de Rafaela Silva, que venceu o racismo por ippon quatro anos depois de ser alvo de ofensas por sa participação em Londres, ou a vitória tão espetacular quanto surpreendente de Thiago Braz no salto com vara.
Isaquias Queiroz não subiu ao lugar mais alto do pódio, mas entrou para a história do esporte ao se tornar o primeiro do país a conquistar três medalhas na mesma Olimpíada, com duas pratas e um bronze na canoagem. Uma façanha e tanto quando se sabe que essas três medalhas também foram a primeiras do Brasil na modalidade.
Judô decepciona
Outros tabus foram quebrados. Baiano, como Isaquias, Robson Conceição conquistou a primeira medalha de ouro do boxe brasileiro, cumprindo a promessa que fez à filhinha Sofia, que completou dois anos na última sexta-feira.
A primeira medalha deu um destaque maior a um esporte de pouco apelo na mídia, o tiro esportivo, com a prata de Felipe Wu. No penúltimo dia de competição, Maicon Andrade, grata surpresa do taekwondo, buscou na raça um bronze que deu mais visibilidade à sua modalidade.
Assim como o boxe, a vela, modalidade de muita tradição no Brasil, se destacou mais pela qualidade da medalha do que pela quantidade: foi apenas uma, mas de ouro, com Kahena Kuntze e Martine Grael, filha de Torben, dono de cinco medalhas olímpicas.
Robert Scheidt, que também subiu cinco vezes ao pódio olímpico, poderia ter superado o amigo Torben Grael, mas bateu na trave e ficou em quarto.
Considerado o carro chefe do esporte olímpico, o judô, esporte que mais rendeu medalhas ao país (22), foi aquém do esperado. Foram três medalhas (um ouro e dois bronzes), uma a menos que em Londres-2012, quando a meta era colocar ao menos cinco atletas no pódio.
Seleções masculinas dão a volta por cima
Para a ginástica, foi exatamente o contrário. Na capital inglesa, Arthur Zanetti foi campeão olímpico e conquistou a primeira medalha do Brasil na modalidade.
Desta vez, o especialista das argolas ficou com a prata, mas teve a companhia de Diego Hypolito e Arthur Nory, que levaram prata e bronze no solo, um pódio histórico para o esporte brasileiro.
A natação foi uma grande decepção, com Bruno Fratus e Thiago Pereira terminando em sétimo lugar das finais dos 50 m e 200 m medley, respectivamente. Na maratona aquática, em mar aberto, Poliana Okimoto levou o bronze.
Nos esportes coletivos, as seleções femininas de futebol, handebol e vôlei começaram empolgando, mas acabaram morrendo na praia nas fases eliminatórias. No masculino, futebol e vôlei conheceram muitos percalços e foram criticados, mas acabaram no lugar mais alto do pódio.
Esperava-se mais do vôlei de praia, que chegou à Arena de Copacabana com quatro duplas candidatas ao pódio, mas rendeu 'apenas' duas medalhas. O ouro de Alison e Bruno, porém acabou com um tabu de 12 anos, assim com o título do vôlei de quadra masculino.
Com a prata, Ágata e Bárbara surpreenderam, com direito a uma vitória sobre a tricampeã olímpica Kerri Walsh e sua parceira April Ross na semifinal.
Agora o Brasil pode se inspirar no exemplo da Grã-Bretanha, que quatro anos após sediar os Jogos Olímpicos obteve no Rio um resultado ainda melhor: 67 medalhas contra 65.
Por Agência Estado/O Tempo
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