Na última semana a reportagem da Folha recebeu várias solicitações via redes sociais para a apuração e a divulgação do caso de um virginopolitano diagnosticado com câncer, nos últimos meses. O nome dele é Geferson Pereira Brito.
Nossa produção entrou em contato com ele, e na segunda-feira (18), conseguiu falar com sua mãe, Irani Conceição Pereira Brito, que deu todas as informações, que posteriormente foram confirmadas por Geferson.
Conheça o caso
Geferson Pereira Brito nasceu em Virginópolis, onde morou até seus 17 anos, e depois foi embora para Santa Luzia, onde atuava como professor da rede estadual. Ele tem 29 anos.
Em Setembro de 2018 ele retornou para a cidade onde nasceu por causa das fortes dores que sentia na cabeça. Passou por diversos médicos que não descobriam o que era. Foi até cogitado problemas nos rins com indicação de cirurgia.
Até que ele passou por uma médica em Guanhães, que após analisar alguns exames, concluiu que ele estava perdendo as forças e a visão. Ela o encaminhou para a realização de uma cirurgia em Diamantina. Havia suspeita de veias estouradas na cabeça.
No dia 05 de outubro de 2018, Geferson passou por uma cirurgia em Diamantina que correu bem, mas o cirurgião o encaminhou para um oncologista.
No dia 26 de novembro o encaminhamento de Geferson a um oncologista foi deixado na Secretaria de Saúde de Virginópolis que ficou de mandar para a Secretaria de Guanhães marcar a consulta em Belo Horizonte.
No dia 02 de janeiro uma funcionária da Secretaria de Virginópolis informou que não foi possível agendar uma consulta com o oncologista porque nos laudos não tinham evidências de que havia necessidade de um oncologista (mesmo a família tendo o encaminhamento médico em mãos).
Diante das fortes dores que voltaram e sem saber o que fazer, Geferson decidiu marcar um oncologista particular, mesmo sabendo que não teria condições de custear um tratamento fora do SUS. A consulta foi com um médico de Governador Valadares no dia 08 de fevereiro, que confirmou o diagnóstico de câncer.
Geferson tentou uma nova entrada pelo SUS, desta vez pelo Hospital Bom Samaritano em Governador Valadares, e conseguiu! Lá, o profissional que o atendeu a princípio acreditava que ele teria que passar por sessões de radioterapia e quimioterapia, porém, ao ver o resultado de alguns exames que solicitou, concluiu que esses tratamentos já seriam ineficazes pela rapidez que o tumor havia crescido.
Geferson foi novamente encaminhado para Diamantina, e o primeiro médico que o avaliou lhe deu uma triste notícia: devido à demora para passar no oncologista, o tumor cresceu muito, e ele teria que passar por uma segunda cirurgia. Esta teria mais riscos e poderia deixar seqüelas.
Na última semana, Geferson fez a cirurgia, correu tudo bem e agora ele espera o resultado da biópsia para iniciar o tratamento de quimioterapia e radioterapia. Ele e sua família temem que ocorra tudo outra vez.
“Nós não queremos culpar a pessoa errada, por isso contratamos um advogado que está apurando o que aconteceu. Mas queremos saber onde foi o erro: se foi em Virginópolis, se foi em Guanhães. Só Deus sabe o que passamos nos últimos dias. Meu filho podia não estar mais aqui por causa da não marcação de uma consulta que foi solicitada por um médico”, disse a mãe de Geferson.
Geferson disse à reportagem da Folha que durante o processo muitos erros e injustiças aconteceram e tudo já está sendo apurado pelo seu advogado.
“Eu tenho ânsia e rapidez em fazer justiça. Que ninguém passe por essa dor e sofrimento que eu estou passando. Que ninguém que não saiba se defender passe por situações como esta”, afirmou Geferson.
RETORNO
A reportagem da Folha entrou em contato com o Secretário Municipal de Saúde de Virginópolis, Sormanny Leão que explicou todos os trâmites do caso de Geferson até o momento.
De acordo com ele, o paciente recebeu alta da primeira cirurgia em Diamantina no início do mês de outubro, já com encaminhamento ao oncologista, porém a Secretaria de Saúde de Virginópolis só foi tomar conhecimento disso 49 dias depois, quando o pedido foi protocolado na pasta, no dia 26 de novembro.
Já no dia 27 de novembro, o Secretário afirma que o pedido foi protocolado na regulação de Guanhães, que cadastrou o encaminhamento na regulação de Belo Horizonte no dia 04/12. Na capital mineira, o pedido seria avaliado por uma comissão da Oncologia.
No dia 09/12 a regulação de Belo Horizonte entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Guanhães, informando que a biopsia enviada estava inconclusiva e que não apresentava a certeza do diagnostico de câncer. Eles devolveram a documentação e solicitaram uma reavaliação com o neurocirurgião para diagnosticar através de novos exames a certeza do diagnóstico de câncer para, após agendar a marcação com o especialista em oncologia, dar procedimento ao tratamento.
No dia 11/12 a regulação de Guanhães passou essas informações para Virginópolis e no dia 14 de dezembro a família de Geferson foi informada.
No dia 17/12 a Secretaria de Virginópolis entrou em contato com a regulação de Diamantina para remarcar a consulta com o neurocirurgião, porém a secretária informou que ele estava de férias e só retornaria no dia 02 de janeiro.
No dia 02 de janeiro, a Secretaria de Virginópolis ligou novamente para a regulação de Diamantina e foi informada de que a consulta com o neurocirurgião só poderia ser agendada por volta do dia 08 de janeiro. Ao ser informada disso, a família de Geferson afirmou que não precisava mais marcar a consulta em Diamantina, porque ele iria consultar em Governador Valadares.
Ainda de acordo com Sormanny, Governador Valadares não faz parte do fluxo de Virginópolis, mas ainda assim, durante esse tempo o município deu todo suporte na questão do transporte à cidade.
Geferson chegou a ir a uma consulta oncológica particular em Governador Valadares, em que o médico diagnosticou o câncer, mas solicitou um exame mais detalhado– o imunohistoquímico – antes dele realizar os tratamentos de quimioterapia e radioterapia. O paciente fez esse exame em Diamantina e foi constatado não só o tipo de câncer que ele tinha, mas que o tumor havia aumentado de tamanho, sendo necessária uma segunda cirurgia.
O município de Virginópolis também tem dado suporte com o transporte tanto nas idas à Governador Valadares, como a Diamantina.
Através de um Hospital de Valadares, Geferson conseguiu entrada pelo SUS. Ele fez a segunda cirurgia em Diamantina e agora aguarda pelo tratamento.
O Secretário disse à reportagem da Folha que a família de Geferson gostaria que ele fizesse o tratamento em Governador Valadares, onde já há conversas com os médicos, porém a cidade não faz parte do fluxo de Virginópolis. Se retornar para Virginópolis, ele será encaminhado a Belo Horizonte e, agora com os laudos conclusivos, o processo será rápido.
No entanto se o paciente optar em realizar o tratamento em Governador Valadares, o município de Virginópolis se coloca à disposição para realizar a transferência, e dar todo o suporte com o transporte, mas não pode intervir no processo, já que o fluxo da cidade é Belo Horizonte.
“Nós entendemos a dor do paciente e da família. Sabemos que eles passaram e passam por momentos difíceis. Porém, a Secretaria de Saúde de Virginópolis fez tudo conforme o fluxo normal. Estamos dispostos a ajudar o Geferson com o que for necessário”, disse o Secretário de Saúde Sormanny Leão.
Por Folha
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