Duas joias pertencentes à diocese de Guanhães, retornam a seus altares completamente restauradas e numa situação bem diferente de quando chegaram a Belo Horizonte – comidas pelos cupins, com perda de policromia e camadas de repintura.
São elas as imagens de Nossa Senhora da Conceição, do século 18, com 65 centímetros de altura, e a de São Francisco de Paula, do início do 19, com 70cm, agora trazendo à tona todo o esplendor da arte colonial.As peças seguiram viagem pelas mãos do titular de três paróquias de Conceição do Mato Dentro e reitor do Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinho, padre João Evangelista dos Santos.
O restauro se tornou possível graças ao Projeto de Preservação Extramuros, fruto da parceria entre o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e o Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais da Escola de Belas Artes (Cecor/EBA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com apoio do Ministério Público de Minas Gerais.
Depois do restauro, o tesouro ficou temporariamente sob guarda do Memorial da Arquidiocese de Belo Horizonte, no Bairro Santa Tereza, na Região Leste da capital.
O objetivo do projeto, segundo técnicos do Iepha, é restaurar 24 obras de igrejas tombadas pelo estado e devolvê-las às comunidades, além de promover cursos de noções de preservação. Por meio do termo de cooperação celebrado entre as instituições, ficou estabelecido que o Iepha, entre outras atribuições, será o responsável por supervisionar, fiscalizar, analisar e assegurar o acesso do Cecor às peças, inclusive àquelas atualmente sob a guarda do instituto.
Na iniciativa, serão beneficiados sete municípios que, além da restauração do acervo, serão orientados sobre ações preventivas de conservação dos bens móveis protegidos.
O trabalho de restauro exigiu técnica e muita dedicação, já que a imagem de Nossa Senhora da Conceição chegou muito degradada a BH, com duas camadas de tinta sobre a original. Depois dessa etapa, foi feita a reintegração da pintura, com a participação de estudantes envolvidos em trabalho de conclusão de curso (TCC).
Já a imagem de São Francisco de Paula – “estava muito oca, infestada de cupins”, conforme ressalta a professora Maria Regina –, não tinha uma pintura original, sendo feita a reintegração da camada de tinta existente sobre a madeira.
Satisfeito com o resultado, o padre João Evangelista dos Santos, que recebeu as peças da equipe do Memorial, coordenada por Maria Goretti Gabrich Freire Ramos, lembrou que muitas igrejas componentes da diocese de Guanhães, a exemplo de Conceição do Mato Dentro, têm mais 300 anos de história. Ele lembrou que a região faz parte do Caminho dos Diamantes, trecho da Estrada Real que liga Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, a Paraty (RJ). “Esta parceria com o Iepha e o Cecor é muito importante para a recuperação do acervo”, disse o religioso.
Por Estado de Minas/Edição Folha
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