A procura desenfreada por álcool em gel fez o produto antisséptico, capaz de eliminar micro-organismos, sumir das prateleiras em mercados e farmácias, o que tem deixado parte da população insegura quanto à prevenção do novo coronavírus, causador do Covid-19.
Porém, lavar as mãos com água e sabão é tão ou mais eficaz que utilizar a substância que está em falta. Isso porque a estrutura do vírus é vulnerável às substâncias presentes em sabões e detergentes.
A eficácia do sabão ocorre porque o novo coronavírus é um micro-organismo que é protegido por um envelope viral composto por lipídios, ou seja, gordura. E o que é as pessoas usam para eliminar gordura? Isso mesmo, sabão ou detergente doméstico.
De acordo com o CFQ (Conselho Federal de Química), nas mãos das pessoas, os micro-organismos ficam protegidos por outras substâncias orgânicas, como restos de células epiteliais e sobrevivem mais tempo. Mas, ao higienizar as mãos com água e sabão, a água isola os vírus dos resíduos orgânicos e o sabão dissolve as membranas, causando a destruição dos micro-organismos. É o mesmo efeito promovido pelo álcool em gel, só que bem mais barato e disponível em qualquer pia.
Uma nota divulgada pelo CFQ destaca a importância do uso de álcool em gel e também explica que sabões e detergentes, de um modo geral, são eficazes devido às propriedades químicas. Ou seja: na falta de um, usa-se o outro.
O risco do álcool em gel feito em casa
A escassez de álcool em gel utilizado para higienizar as mãos fez com que disparassem pesquisas no Google sobre como fazer álcool em gel caseiro. A medida parece ser a solução para resolver a falta do produto no mercado, mas é uma armadilha que pode fazer o barato sair caro.
Isso porque o álcool em gel caseiro pode não ser eficaz, já que a produção desse item, para garantir sua eficiência nos processos de desinfecção, precisa ser certificada em várias etapas. Não basta apenas misturar o álcool com gel para ultrassom (ou de cabelo), por exemplo.
De acordo com o doutor em química e professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Ricardo Mathias Orlando, o álcool em gel foi desenvolvido para ser uma substância que permanecesse o tempo necessário para garantir a ação antimicrobiana e não é, portanto, apenas misturar dois ingredientes.
“É provável que [misturar substâncias] não dê problema tóxico, mas pode perder a eficiência, além de separar fases, de não atuar na membrana dos micro-organismos de forma correta, de evaporar sem fazer o efeito desejado ou não permanecer tempo suficiente no local aplicado.
Por Midia Max/Edição Folha
Deixe um comentário