A cada 24 horas, pelo menos oito ocorrências de abuso sexual contra crianças e adolescentes de até 14 anos e pessoas mentalmente ou fisicamente incapazes de oferecer resistência a esse tipo de violência são registradas em Minas Gerais. De janeiro a agosto, 1.949 casos chegaram às autoridades.
Os números, da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), também chamam a atenção porque representam, no mesmo período, mais do que o dobro do total de estupros de adultos registrados no território: 807. E as estatísticas ainda vão aumentar.
Mesmo com as ocorrências em alta, as denúncias são subnotificadas. “É um crime de características específicas, em que o silêncio da vítima, seja por ameaça ou vergonha, impede a polícia de agir”, frisa a capitão Layla Brunela, chefe da Sala de Imprensa da PM.
Diálogo
Quebrar o tabu do debate sobre a sexualidade é justamente o caminho indicado pela psicóloga Enylda Mattos, especialista em psicoterapia da família, para que os crimes sejam denunciados pelas próprias crianças. “É preciso conversar, mas não de forma pejorativa ou que cause medo, à medida que elas fizerem perguntas relacionadas a esse assunto”, diz.
Psicóloga e psicopedagoga, Sylvia Flores afirma que, a partir dos 2 anos, já é possível orientar, por exemplo, sobre a inadequação de ter os órgãos genitais tocados por outras pessoas.
A especialista destaca que crianças pequenas devem ser instruídas a não sentarem no colo de adultos. “As mães e os pais devem explicar que existem áreas no corpo que são íntimas e que, por isso, ninguém pode encostar nelas, mas é importante que seja dito na linguagem da criança.”
A psicóloga lembrou que os estupros de vulneráveis, muitas vezes, são cometidos por pessoas próximas. “Os suspeitos geralmente têm uma máscara de bondade e são respeitados pela sociedade. Em geral, são homens, que podem trabalhar com religião, educação e esportes, por exemplo. Por isso, não se pode confiar cegamente nem nos conhecidos”, aconselha.
O especialista em segurança pública e ex-delegado Islande Batista endossa o alerta e ressalta que casos de abuso sexual em escolas são comuns. “É um ambiente onde muitas vezes o autor consegue a confiança da vítima, pela relação estabelecida entre o funcionário e o aluno”.
Por Hoje em Dia/Edição Folha
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