Desenvolvido para eliminar pragas nas lavouras, os agrotóxicos também têm provocado mortes em Minas. Nos últimos sete anos, 120 pessoas perderam a vida após contato direto ou indireto com a substância química. Entre 2012 e 2018 foram mais de 2.500 internações por intoxicação.
Os números da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) vão ao encontro de uma pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Conforme o estudo, o avanço do uso de defensivos agrícolas em fazendas mineiras acontece em uma velocidade superior à registrada na média nacional.
De acordo com a SES, a aplicação desses pesticidas aumenta a exposição da população. Geralmente, as intoxicações ocorrem por meio de inalação ou ingestão. Alimentos com resíduos dos produtos também apresentam risco.
Os efeitos no organismo variam de acordo com “o princípio ativo, a dose absorvida, a forma de exposição e as características individuais da pessoa exposta”, explica nota da pasta. Os mais vulneráveis são os trabalhadores do campo, mas crianças, gestantes, lactantes e idosos estão no grupo de risco.
“Os agrotóxicos são substâncias com o objetivo claro de destruir pragas. Acontece que, assim como atuam no sistema nervoso do inseto, fazem o mesmo com as pessoas”, diz o professor Marcus Vinicius Polignano, do Departamento de Medicina Preventiva Social da UFMG.
Segundo o médico, até mesmo o leite materno pode ser contaminado pelos defensivos agrícolas, causando impactos na saúde dos bebês. Outras pesquisas vão além e associam casos de câncer ao contato com os defensivos.
Trabalhadores do campo são os mais vulneráveis às intoxicações por agrotóxicos, mas crianças, gestantes, lactantes e idosos também estão no grupo de risco
Uso necessário
Representantes dos produtores rurais negam os perigos para a população em geral. “Quem mais tem problema em relação ao uso de agroquímicos é o aplicador do produto, e não o consumidor. Por isso, a necessidade de equipamento de proteção individual, como máscara”, afirma o engenheiro agrônomo e analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Caio Coimbra.
Ele garante que as doses utilizadas estão dentro dos limites pré-estabelecidos por especialistas e órgãos como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Ministério da Agricultura. “Estudos já mostraram que para uma pessoa ser intoxicada com consumo de feijão, por exemplo, precisaria comer 15 quilos por dia”.
Por Hoje em Dia/Edição Folha
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