É bom o consumidor se preparar para a escalada do dólar, que na modalidade “à vista” começou a semana acima dos R$ 4,32, batendo recorde na era do Plano Real. Muitos produtos no dia a dia do brasileiro, como trigo, são precificados com base na moeda americana. Insumos usados no agronegócio também, o que pode levar o produtor a repassar ao menos parte da diferença para o mercado.
Por outro lado, para quem ganha a vida negociando a produção para fora do Brasil, a tendência é lucrar. A rápida alta do dólar à vista se deve a uma combinação de fatores, como a perda de rentabilidade no Brasil, diante dos juros baixos, o que faz o investidor levar o dinheiro para fora. Também compõe a equação o coronavírus, que “fechou mercado”.
A limitação do comércio exterior também interfere no preço de insumos usados no agronegócio brasileiro. “Muita coisa é importada. No momento em que o produtor está se organizando para a próxima safra, a cotação alta restringe o planejamento. Precisamos de algumas ações do governo. O produtor amarga mais este custo, porque não consegue repassar ao mercado toda a diferença”, explica Aline Veloso, coordenadora da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
Na prática, o agricultor pode segurar investimentos e até contratação de trabalhadores. Além dos insumos, outros produtos que chegam com maior facilidade à mesa do consumidor tendem a ficar mais caros, como o trigo usado no tradicional pão francês.
Prestadores de serviços também estão receosos. Paulo Henrique Lurian de Paiva, dono de uma agência de viagens, conta que aproximadamente metade dos pacotes que vende é para o exterior. “O dólar alto afasta os clientes.
O preço das passagens aéreas determinado pelas companhias de aviação é baseado na moeda americana. Mesmo aquelas para a Europa, onde boa parte dos países adotou o Euro, têm o dólar como referência.
Por Hoje em Dia Edição Folha
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