O Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta quarta-feira, 8, costuma ser marcado por homenagens e presentes, mas sua real origem está relacionada a décadas de luta por direitos e melhores condições de trabalho e de vida. Diferentemente de outras datas comemorativas, o Dia Internacional da Mulher não foi criado pelo comércio.
Oficializada pelas Organização das Nações Unidas em 1975, a data é comemorada desde do início do século 20. Um dos eventos que pode estar relacionado à escolha do dia 8 de março foi a grande mobilização realizada por mulheres russas no ano de 1917, quando ocorreu a Revolução Russa, para pedir a saída do país da Primeira Guerra Mundial, melhores condições de vida e alimentos, tendo em vista que a população sofria com a fome e a pobreza. O dia foi se popularizar no ocidente apenas a partir de 1975, quando a ONU reconheceu oficialmente a data.
A origem da homenagem também foi impulsionada por eventos trágicos. Em março de 1911, em Nova York, um incêndio na fábrica de roupas Triangle Shirtwais matou 146 pessoas, das quais 123 eram mulheres, e gerou uma série de mobilizações sobre a necessidade de conscientizar a sociedade sobre os direitos das mulheres.
Hoje, a data é marcada por atos para reivindicar igualdade de gênero, relembrar mulheres que foram vítimas da violência, além de abordar temas como feminicídio, assédio sexual e diferenças salariais.
CELEBRAR OU CONTINUAR A LUTA?
Mulheres ganham 21% a menos do que os homens e são maioria entre desempregados
As mulheres ainda são minoria na força de trabalho no Brasil, são a maioria entre os desempregados do país e continuam ganhando menos do que os homens. O cenário confirma que este 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, será mais uma data para lembrar estas distorções, em vez do país ter reais motivos para celebrar. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para o 3º trimestre de 2022.
As mulheres, que são a maioria da população, vão passar mais um ano sub-representadas nos espaços políticos e de poder
Nas eleições de 2022, mesmo com o aumento das candidaturas femininas - 33,3% de registros a mais nas esferas federal, estadual e distrital, segundo a Agência Senado -, apenas 302 mulheres, no total, conseguiram se eleger para a Câmara dos Deputados, Senado, Assembleias Legislativas e governos estaduais, enquanto o número de homens eleitos chegou a 1.394.
A baixa participação das mulheres na política e nos espaços de liderança inviabiliza as pautas temáticas sobre gênero, dificultando mudanças, num cenário em que é necessário criar condições objetivas de participação feminina em todos os espaços de atuação, que levem em conta horários e a vida familiar, a maternidade, sem que as mulheres sejam obrigadas a escolher entre carreira, política ou família.
A cada 24 horas, ao menos oito mulheres são vítimas de violência
No ano de 2023, ao menos oito mulheres foram vítimas de violência doméstica a cada 24 horas. A informação consta do novo boletim Elas Vivem: Liberdade de Ser e Viver, divulgado nessa quinta-feira (7). Ao todo, foram registradas 3.181 mulheres vítimas de violência, representando um aumento de 22,04% em relação a 2022.
Ameaças, agressões, torturas, ofensas, assédio, feminicídio. São inúmeras as violências sofridas que não começam ou se esgotam nas mortes registradas. Os dados monitorados apontaram 586 vítimas de feminicídios. Isso significa dizer que, a cada 15 horas, uma mulher morreu em razão do gênero, majoritariamente pelas mãos de parceiros ou ex-parceiros (72,7%), que usaram armas brancas (em 38,12% dos casos), ou por armas de fogo (23,75%).
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