As estudantes Mirian Filgueira Pimentel e Izailda Barbosa dos Santos, além de amigas, ex-estagiárias do Laboratório de Manejo Integrado de Pragas (MIP) e agrônomas recém-formadas pela UFV, agora também são estudantes de mestrado nos Estados Unidos, com bolsas concedidas pelas universidades americanas.
Estudantes vindas de cidades do interior, de origem humilde e com um mundo desconhecido a ser desbravado. Mirian é natural de Sumidouro, pequena cidade localizada na região serrana do Rio de Janeiro. Já Izailda é natural da cidade de Peçanha, onde morou até concluir o ensino fundamental e se mudar para São João Evangelista, onde cursou o ensino médio no Instituto Federal.
As duas foram aprovadas para o mestrado na área de Fitopatologia, em universidades distintas: Izailda na Auburn University e Mirian na Southern Illinois University Carbondale. Além disso, elas também foram aprovadas para o mestrado em Entomologia na UFV, respectivamente, em 1º e 3º lugar. Coincidência? Não. Tudo isso é resultado de muito esforço ao longo dos cinco anos de graduação na UFV, superando dificuldades financeiras e acadêmicas e aproveitando ao máximo as oportunidades que elas foram conquistando.
Sobre o acesso e a permanência no ensino superior no Brasil, a peçanhense Izailda, acredita que um dos fatores limitantes ao acesso à universidade é a falta de conhecimento da população, principalmente, das pessoas com baixa renda.
“Por exemplo, muitos ainda não sabem que é possível ter estudo gratuito e de qualidade através da universidade. Além disso, muitas pessoas que vieram de um ensino médio e fundamental com baixa qualidade possuem poucas oportunidades de conseguir uma boa nota no Enem, não ingressando na universidade. Porém, quando esses estudantes conseguem entrar eles também enfrentam grandes dificuldades para se adequarem a um ensino com nível mais elevado do que tiveram anteriormente”, afirmou.
Estudante, negra, Izailda destaca que o incentivo familiar também é muito importante nesse processo de ingressar na faculdade. “Muitos estudantes carentes não têm incentivo da família para continuar estudando, principalmente, porque o estudo nunca fez parte da realidade dessa família.
Acredito que esse contexto independe da cor (ou da raça), mas como a grande maioria da população negra no Brasil é composta por pessoas com baixa renda, isso reflete diretamente na menor percentagem de estudantes negros no ensino superior. Assim, de forma geral, acredito também que exista um processo histórico na exclusão de pessoas negras no ensino superior”.
Estudantes da UFV
Ingressantes na UFV em 2011, as calouras de Agronomia se conheceram no início da graduação, quando também passaram a integrar a equipe do professor Marcelo Picanço, no Laboratório de MIP. Do início na UFV, as duas compartilham lembranças semelhantes, como a saudade de casa, a adaptação na nova cidade e a dificuldade com as disciplinas do curso.
Por UFV/Edição Folha
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