Nesta semana da Consciência Negra a reportagem da Folha traz vários temas relacionados ao assunto. Já foi abordado sobre as ações que estão sendo realizadas no IFMG/SJE; sobre a origem e a história da data; as estatísticas que respondem sobre a atual inserção do negro na sociedade.
Hoje vamos falar sobre as lutas e algumas conquistas da raça. Para isso, utilizamos parte do artigo da Professora do Departamento de Sociologia da USP, pesquisadora do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) e assessora do Instituto da Mulher Negra, Márcia Lima; que foi publicado em um noticiário nacional.
De acordo com ela, o cenário das desigualdades raciais no Brasil em suas amplas dimensões -acesso à educação, progressão escolar, emprego, rendimentos, violência racial, dentre outros- tem sido alterado em razão de três aspectos fundamentais: denúncia, pesquisa e ação estatal.
No campo da denúncia, as lutas contra a opressão racial são parte da história. As conquistas da população negra têm sido decisivamente marcadas pela resistência e denúncia de seu próprio povo do tratamento recebido pelo Estado e pela sociedade brasileira.
As rebeliões escravas, a formação dos quilombos, a imprensa negra, assim como a produção intelectual e artística dos negros brasileiros são alguns de muitos exemplos históricos do engajamento de negros e negras na demanda pela igualdade racial. Nenhuma conquista dos negros neste país ocorreu sem sua luta e participação.
Nas pesquisas acadêmicas são fartos os estudos sobre os efeitos da condição étnico-racial na composição das desigualdades. Há pelo menos oito décadas de acúmulo de investigações que buscam entender os entraves enfrentados pela população negra no processo de realização socioeconômica.
No que concerne às políticas públicas, o processo de reconhecimento dessa agenda ocorreu recentemente. Durante muito tempo, o Estado brasileiro ignorou a existência de desigualdade racial, deixando de tratar desse tema como um problema da sociedade brasileira. Mesmo com todas as limitações, a inclusão dessa questão na pauta estatal promoveu mudanças profundas no quadro das desigualdades raciais do país.
Em dez anos, quadruplicou a presença de negros no sistema de ensino superior, foram revistos os conteúdos didáticos sobre a história do negro no Brasil e teve início o reconhecimento dos territórios quilombolas. Hoje temos no Brasil uma geração de jovens negros mais escolarizados, que conhecem e têm orgulho da sua história e demandam por futuro mais igualitário.
“A manutenção da igualdade racial deve ser meta de qualquer governo comprometido com o futuro do país, que tem mais de 50% de negros na sua população. Não é mimimi muito menos vitimismo. Trata-se de justiça”, finalizou a professora.
Por Folha com informações F. de São Paulo
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