O santuário deverá atrair no próximo jubileu a maior multidão registrada nos últimos anos, uma vez que a festa religiosa vai completar 70 anos
Esta é uma história de devoção a Nossa Senhora das Dores. De certa forma, é também a história de uma vila fantasma. A fé católica deu origem a uma capela e a cerca de 100 casinhas desabitadas no topo de um pico a 18 quilômetros do Serro. Por aquelas bandas, não há quem desconheça graças alcançadas na Serra do Carola, a montanha dos bem-aventurados.
No início, os fiéis subiam e desciam a serra todos os sete dias, numa caminhada longa e cansativa pela estrada empoeirada e com rochas. Para evitar os prolongados deslocamentos durante a festividade, devotos tiveram a ideia de erguer casinhas no entorno da capela.
Na região, as casinhas temporárias foram apelidadas de barraquinhas. As primeiras eram de madeira, lona e sapê. Desprovidas de qualquer conforto. Num segundo momento, surgiram as edificações mais sólidas, de adobe ou tijolo. Algumas construções de pau-a-pique resistem ao tempo.
As chamadas edículas ou casinholas são construções simples. A maioria com um cômodo. Hoje servem de moradia apenas na semana do jubileu. Quer dizer, com a exceção de uma casinha, que de acordo com o secretário de Turismo, Cultura e Patrimônio do Município do Serro, é a única residência fixa que existe no santuário.
É nela que moram dona Maria do Amparo Silva Santos, de 63 anos, o marido, seu Damião e um dos oito filhos do casal, Iago, de 20. “Quem doou a terra para a construção da igreja foi meu sogro. Morar no alto da serra é uma beleza. Veja a vista. Os olhos enxergam ao longe. Tudo isso nos oferece uma sensação de paz”, ressalta a mulher, que planta feijão e milho. Ela também cuida de poucas cabeças de gado.
Para dona Maria e muitos fiéis, a Serra do Carola é um lugar sagrado. Por isso, os devotos dizem que o lugarejo “descombina” com o termo vila fantasma. Por outro lado, eles admitem que o apelido se espalhou além das fronteiras do Serro. A fama da vila, assim como a da santa, atrai gente de todo canto do Brasil.
O santuário, que é tombado em nível municipal, deverá atrair, no próximo jubileu, em julho de 2017, uma multidão maior do que a registrada nos últimos anos. Afinal, a festa religiosa completará 70 anos.
COMO CHEGAR
Quem deseja conhecer o santuário de Nossa Senhora das Dores na Serra do Carola deverá chegar ao trevo do Serro e pegar a MG-010 no sentido à cidade de Conceição do Mato Dentro. O caminho é asfaltado, mas há muitas curvas e a estrada não é duplicada.
A 15 quilômetros do trevo, no lado direito de quem segue para Conceição do Mato Dentro, há uma placa indicando a entrada para o distrito Deputado Augusto Clementino. O visitante deve entrar no distrito, passar em frente à capela do local e seguir por uma estrada de terra de três quilômetros. O caminho oferece uma bela vista.
Por Folha com Estado de Minas
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