Apesar de 85% das crianças e adolescentes relatarem conviver com brigas na escola e 63% sofrerem violência física em casa quando fazem algo errado, 68% dizem se sentir seguras como uma percepção geral.
É o que revela a pesquisa O que dizem as crianças, divulgada nesta segunda-feira (26/09) pelas organizações Visão Mundial e Instituto Igarapé, em evento no Rio de Janeiro.
A pesquisa foi feita entre setembro de 2015 e março de 2016 e ouviu 1.404 crianças e adolescentes entre 8 e 17 anos que participam de projetos da Visão Mundial em 12 cidades: as capitais Fortaleza, Recife e Maceió, e as regiões periféricas de Manacapuru (AM); Governador Dix-sept Rosado e Mossoró (RN); Catolé do Rocha (PB); Canapi e Inhapi (AL); Itinga (MG); e Nova Iguaçu (RJ).
A assessora em proteção da infância da Visão Mundial, Karina Lira, disse que os dados mostram que a violência está naturalizada entre os jovens em situação de vulnerabilidade socioeconômica, já que a percepção da violência nos ambientes em que estão inseridos é grande, mas, ao mesmo tempo, a sensação de segurança também é elevada. A análise vale para ambientes como escola, casa e comunidade onde vivem.
“A gente percebe uma contradição onde a percepção de insegurança dela [da criança] é muito baixa, apesar da sua realidade e seu entorno. Existe um elemento, pelo fato de ser criança e por estar em desenvolvimento, não consegue compreender totalmente essa realidade, principalmente as menores. Mas tem o elemento que a gente chama de normatização da violência: a criança convive tão rotineiramente com situações de violência que passa a entender aquilo como natural, algo normal do seu dia a dia.”
Karina ressaltou que, apesar do avanço na legislação, com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), as garantias de direitos não saíram do papel para uma parcela considerável de jovens.
“Isso é muito complicado porque, a partir do momento que a criança e o adolescente – que são um terço da população brasileira – são vulneráveis e não se percebem como vítimas de uma violência, isso se deve a um silêncio em torno do problema e também à impunidade por parte de quem agride”, ponderou.
Por Portal UAI
Deixe um comentário