Hoje não há no mercado nenhuma imunização contra o tabaco; tentativas anteriores falharam
Fumantes poderão no futuro ser vacinados para que deixem de sentir prazer com o cigarro. Uma vacina que leva o organismo a produzir anticorpos contra a nicotina, uma das substâncias presentes no cigarro que provoca sensação de prazer e dependência, já está sendo testada em 275 pessoas, com idades entre 18 e 60 anos, no Canadá.
A pesquisa, que está sendo desenvolvida pela farmacêutica Pfizer, começou em 2012 e já teve sucesso em roedores. Não há previsão de término do estudo e lançamento no mercado.
A vacina tem como objetivo estimular o sistema imunológico e criar anticorpos contra a nicotina, de acordo com a diretora médica de vacinas da América Latina e Canadá da Pfizer, Jéssica Presa.
— A ideia é que esses anticorpos “grudem” na nicotina e, como se tornarão uma única molécula “grande”, não conseguirão ultrapassar a barreira hematoencefálica [cerebral]. Assim, a nicotina não chegará ao cérebro e a pessoa não irá obter a sensação de prazer com o cigarro.
Vacinas para doenças não infecciosas
Essa não é a primeira vez que um laboratório tenta fabricar uma fórmula contra o vício do cigarro. Jaqueline explica que outros estudos não foram para frente, “pois os anticorpos não tinham durabilidade suficiente”.
Atualmente, não há nenhuma vacina que reduza ou elimine o vício em cigarro. Mas, na visão do infectologista e vice-presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri, a ciência avançou muito no conhecimento sobre agentes infecciosos, suas formas de reprodução e os hospedeiros.
Agora, o grande desafio é conhecer melhor o desenvolvimento molecular para controlar as doenças não infecciosas.
— Quando falamos em genoma humano, é algo de grande complexidade. É necessário conhecer os marcadores de quem vai ter obesidade, câncer e até dependências de drogas e álcool. Muitas dessas doenças não são exclusivamente cromossômicas, já que também se consideram os fatores ambientais, mas conhecendo seus mecanismos será possível se antecipar e assim prevenir. O desenvolvimento de vacinas para doenças não infecciosas é questão de tempo.
Segundo Kfouri, a ciência está evoluindo a passos largos e, em alguns anos, será possível imunizar as pessoas também contra doenças não infecciosas.
— Estamos caminhando nesse sentido, não apenas contra o tabaco, mas contra obesidade e até mesmo o câncer. Acredito que daqui alguns anos poderemos ter novidades em termos de aplicação prática.
Por R7
Foto R7
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