De tempos em tempos, um alimento entra na moda. O chá verde já teve seus dias áureos, assim como a berinjela e o abacaxi. Hoje, são chia, quinoa, mirtilo, goji berry, amaranto e outros que ganharam o status de “superalimentos”. O assunto está tão em voga que a revista científica “New Scientist” dedicou uma edição inteira ao tema. E a conclusão não agrada: os superalimentos, afinal, não são tão “super” assim.
O texto da revista revela que, apesar dos milhares de publicações sobre o tema, as pesquisas veiculadas em periódicos científicos acreditados são poucas. Pouquíssimas. “O que há, na maioria das vezes, são materiais com base nas informações da indústria, publicados em periódicos alternativos de saúde e muito ávidos por chegar a conclusões cientificamente questionáveis”, aponta a revista.
Como o organismo humano é uma máquina complexa, e os alimentos são compostos também complexos, fica difícil comprovar seus efeitos cientificamente. “Não temos um grande entendimento de como o que comemos se quebra em moléculas, como elas interagem umas com as outras e o que acontece se chegarem aos diferentes tecidos do corpo. Há também uma variação da flora intestinal de pessoa para pessoa, o que influencia todo o processo”, ponderam os autores do artigo.
Uma pesquisa realizada no Reino Unido descobriu que 61% dos participantes já compraram algum alimento só por causa do título de “super”. Dos mil participantes, 30% afirmaram que os benefícios à saúde desses alimentos são “cientificamente comprovados”, e 14% disseram que pagariam mais por conta disso.
Sabendo disso, a indústria deita e rola. O goji berry, na internet, sai por R$ 120 o quilo. A quinua orgânica é vendida por aproximadamente R$ 100 o quilo, e menos de meio quilo de mirtilo seco sai por R$ 157,90.
A boa notícia é que não é obrigatório pagar caro para se alimentar bem e colher os benefícios dos superalimentos. “Não existe um alimento que seja super, mega. Alguns estão sendo mais estudados que outros, mas todo alimento que vem da natureza tem um valor nutricional importante”, garante a nutricionista Karin Honorato, da clínica Trinutrix. “Se você não tem dinheiro para comprar o goji, mas pode comprar maçã, ameixa, banana e mexerica, compre. Você também terá benefícios. O segredo ainda é a alimentação variada e equilibrada”, completa.
Por O Tempo
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