O evento aconteceu com palestra ministrada pelo promotor de justiça Márcio Kakumoto, apresentações culturais, grupos de discussões com eixos temáticos e eleição de delegados. Mas o momento que levantou mais polêmica foi o da apresentação de um grupo com o eixo temático de Gestão de Rede.
A proposta elaborada é que seja implantada na região, uma clínica de reabilitação para dependentes químicos com a contribuição de todos os municípios da região. E foi exatamente a palavra “regional” que deu início aos debates.
Alguns defendiam a ideia de que esse é um problema individual e que cada município deve fazer o seu investimento, sem ampliar regionalmente. Uma das participantes de Guanhães, disse que a construção de uma clínica regional pode cair no mesmo problema que aconteceu no Hospital Regional em Guanhães. “Será que, se abrir para atender a região, não vai acontecer como no hospital? Que acabou sem atendimento e até fechado, porque os municípios não estavam cumprindo o contrato de contribuição”, articulou.
O assunto ficou dividido. Na defesa de que a conferência é regional, algumas pessoas chegaram a chamar Guanhães de egoísta. “Se estamos em um evento regional, não podemos pensar individualmente. Há cidades que não têm condições de implantar uma clínica. E por que não vamos encontrar portas abertas em nossa região, se os nossos dependentes encontram em cidades tão distantes, como Ipatinga e João Monlevade?”, desabafou outra participante.
De acordo com o presidente do Conselho Anti-Drogas do município de Guanhães, Ubiratan Garandi, que se manteve imparcial para dar continuidade às apresentações das propostas, a cidade conta atualmente com seis profissionais pós-graduados em dependência química. “Já temos bons profissionais para dar início a esse trabalho”, comentou.
Outro grupo apresentou proposta parecida, incluindo a implantação de comunidades terapêuticas para atividades de socialização, através de iniciativas governamentais e privadas. As ideias foram unidas em um só documento.
Outro momento de bastante discussão foi sobre a apresentação de dados da segurança pública que indicou 2011 com menor número de ocorrências registradas, em comparação ao ano passado. A indignação das pessoas é pelo fato da droga estar tão inserida na sociedade atual, de maneira crescente.
A questão foi esclarecida durante a palestra de Márcio Kakumoto que comentou sobre as falhas no sistema. Segundo ele, a polícia faz a parte dela, mas há erro no trabalho judiciário. Afinal, sentenças reduzem penas ou tiram traficantes da cadeia, através de penas sociais. Ele foi aplaudido pelo público satisfeito em tomar conhecimento de informações normalmente debatidas somente dentro dos gabinetes.
Ao final do encontro, foi eleito delegado e suplente que irão representar a região na 5ª Conferência Estadual a realizar-se nos dias 24, 25 e 26 de novembro, em Belo Horizonte, com as propostas mais votadas do evento regional.
Por Samira Cunha
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