Parentes, amigos e grande parte da população guanhanense estão indignados com um fato que aconteceu nesse domingo (5), no bairro Aod Pereira. De acordo com informações da sogra, Jerusa, o jovem trilheiro, Wellington Aparecido Souza, conhecido como Wellington Picolé, de 21 anos, por volta de 14h30, estava próximo a residência de sua namorada, Larissa, em uma moto de trilha, dando voltas no quarteirão, quando foi surpreendido por policiais, que atiraram contra ele por três vezes.

A sogra de Picolé, contou à reportagem da Folha que o militar atirou sem justificativa alguma. Ela afirma que Wellington é trabalhador, querido, trilheiro, comentou ainda, que ele tem bons hábitos, não bebe e não fuma. Segundo Jerusa, ele, a namorada e o irmão estavam programando de irem passear na Serra do Quartel, mas tiveram o passeio interrompido por esta fatalidade.

De acordo com a namorada, Larissa Guimarães, depois do ocorrido, Wellington andou alguns metros, desfaleceu e caiu. A jovem afirmou que eles resistiram em ajudar na remoção do trilheiro até o Hospital Regional Imaculada Conceição (HIC). Após muita insistência e apelo da família, a Polícia socorreu o rapaz e o levou para o HIC, onde foi atendido pelo Dr. Carlos Oscar e recebeu os primeiros socorros. Picolé tem uma bala alojada entre o fêmur e o ilíaco (osso do quadril), próximo da bacia.

Wellington Picolé ainda sofreu com a falta de profissional especialista no hospital e pouca estrutura para o atendimento. Somente na tarde desta segunda-feira (6), o jovem que segundo a família, sente muitas dores, conseguiu ser transferido para um hospital em Belo Horizonte para retirada da bala.

Questionada de quais seriam os policiais envolvidos, a jovem disse não se recordar e comentou que até tentou ler o nome de um deles, mas não conseguiu. A única informação é que eles estavam em uma Ranger.

Retorno da Polícia Militar

A reportagem da Folha entrou em contato com a Polícia Militar para saber o que os militares tinham a declarar. De acordo com o Capitão Gilberto, a situação está em fase de apuração. Ele completou que está sendo lavrado um Auto de Prisão em Flagrante (APF), que será encaminhado à justiça militar.

Conforme informou o capitão Gilberto, os dois policiais da ocorrência estão recolhidos no quartel à disposição da justiça militar. A reportagem perguntou ao militar se os policiais comentaram o porquê da ação, porém, ele não soube informar qual seria a motivação dos disparos contra Wellington Picolé.

Contudo, o Capitão garantiu que a Polícia Militar vai trabalhar no caso com toda transparência. Ele assegurou lisura e transparência no APF e em todo o processo. O militar informou ainda, que os policiais envolvidos na ocorrência vão continuar recolhidos até o julgamento: “eles podem responder por lesão corporal leve ou até por tentativa de homicídio, vai depender do entendimento do juiz”, declarou. Após avaliação e apuração da justiça militar se for entendido que são culpados, os militares serão julgados na justiça comum.

O prazo segundo o capitão, é que em até 24h o juiz tenha em mãos todas as informações e o comando da Polícia de Guanhães tem o tempo limite de 5 dias úteis para encaminhar o Auto de Prisão em Flagrante para avaliação e julgamento da justiça militar.

Questionado sobre a possível falta de socorro ao trilheiro, o capitão informou que a PM trabalha para servir e servir com excelência. Segundo ele, o primeiro mandamento é o socorro a vítima, e se os policias por ventura, assim não o fizeram, podem ser indiciados por prevaricação ou omissão de socorro.

A reportagem da Folha tentou falar com os militares envolvidos no caso, mas o capitão alegou que só seria possível com autorização da justiça militar. Os dois responderão com o mesmo teor em relação ao caso, ou seja, o que atirou vai ser julgado da mesma forma do que o policial que estava em sua companhia.

Manifestação

Uma grande comoção social toma conta de Guanhães, as pessoas pedem que seja feita justiça, principalmente parentes e amigos trilheiros. A FanPage da Folha está repleta de mensagens contra a ação dos militares.

Em forma de manifesto, membros do Guanhães Off Road, trocaram as fotos de perfil e compartilharam a imagem de um colete a prova de balas escrito o seguinte: “Guanhães Off Road – Novo colete para fazer trilha em Guanhães”.

Da redação - apuração Filó Generoso