Segundo relata a família, o médico foi avisado que a transferência não deveria ser feita, pois o Hospital Regional não realiza o tipo de cirurgia necessária e que Jackson deveria ser encaminhado direto para Belo Horizonte via SUS Fácil. Ainda assim, a criança, com três vértebras quebradas, foi transferida e de forma inadequada. “O atendimento em Peçanha já foi inadequado pelo que sei. A mãe dele o levou desesperada. O caso já era de urgência, deveriam ter transportado numa UTI móvel e se agravou muito mais devido ele ter sido transportado numa ambulância comum”, conta a prima Adriana Oliveira.
Outro detalhe que a prima informou é sobre a assistência dentro da ambulância. “A enfermeira que acompanhou não foi atrás com ele. Disse que a mãe teria que ir e ela foi na frente. Isso já é um erro gravíssimo. Jackson viajou sem nenhum acompanhamento médico, é uma irresponsabilidade”.
E o que já era previsto sobre a cirurgia de Jackson no Regional de GV, foi confirmado quando ele chegou. Adriana conta que o médico só o aceitou porque não tinha condições de mandar ele de volta. “O médico teve que aceitar mesmo sabendo que o hospital não tem a complexidade necessária para atender”.
Dias de espera e uma busca incansável por soluções. A família retornou a Peçanha, mas não conseguiu resolver na Secretaria de Saúde. Recorreram ao Hospital e após 40 minutos de espera, foram avisados que os administradores não o receberiam. Foi quando veio uma enfermeira sem ciência do caso e disse que também não poderia resolver nada. O jeito foi ir para a justiça. “Só quando chegamos à promotoria e fomos recebidos pela promotora, encontramos uma alternativa que foi entrar com uma ação”.
E com isso, Jackson conseguiu entrar às sete horas da manhã desta quinta-feira (26), para o bloco cirúrgico do Hospital Samaritano, instituição particular de Governador Valadares. Com este procedimento, segundo o que os médicos informaram à família, o menino poderá melhorar em partes suas condições, mas ainda assim, ficará paraplégico. “Foram tantas complicações, tanta demora, que o quadro dele foi agravando ainda mais e teve até problema respiratório. Mas o que mais dói é que ele pensa que ao fazer essa cirurgia, ele voltará a andar. Mas a medicina diz que não, ele não consegue mexer nada da cintura pra baixo. Essa cirurgia vai possibilitar que ele pelo menos consiga sentar numa cadeira de rodas, porque ao ser transportado de Peçanha para Valadares, acabou com a medula óssea do Jackson. Os novos raios-X feitos em Valadares mostram a piora”, conta Adriana.
Agora o advogado da família vai cuidar de novas ações na justiça. “Nós queremos que algo seja feito para que isso não aconteça com outras crianças”, afirma Adriana que acompanha o primo em Valadares.
Segundo informações extra-oficiais, a promotora Kelly Maria de Araújo, de Peçanha, entrou com uma ação contra a prefeitura municipal. Mas ela estava em audiência na manhã de hoje e não foi possível o contato direto com ela para saber o conteúdo dessa ação.
O conselho regional de medicina já investiga o caso do garoto de Peçanha.
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