Pesquisas recentes apontam que 48% dos jovens entre 12 e 17 anos já experimentaram algum tipo de bebida alcoólica, enquanto que 5,2% apresentam alguma dependência química. Em Guanhães, a situação não é diferente e alguns já recorreram aos grupos de Alcoólicos Anônimos.
Segundo informações do representante do grupo, Geraldo João da Silva, dos que passaram, um permaneceu. Entrou aos 16 anos, está hoje com 24 e através dos encontros, conseguiu ficar livre do vício. “Já tivemos alguns casos, não muito sérios, mas servem como sinal de alerta. Outro alerta é nessa faixa etária, os que nos procuram são mais homens”, comenta Geraldo, mas não descartando que as jovens também estão precocemente ligadas ao álcool.
Para a psiquiatra e pesquisadora do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Dra. Magda Vaissman, fato chocante que tem sido visto frequentemente é o número de meninas que estão bebendo. “As garotas são mais precoces que os garotos em todos os sentidos e, enquanto os meninos só querem jogar vídeo-game, as meninas desejam ser mais velhas, agir como adultas, pura e simplesmente por uma questão de status”, adverte.
Mas quais serão os principais atrativos para esses jovens começarem a beber tão cedo? Um dos motivos indicados por especialistas é a interação com outras pessoas que, às vezes, demanda algumas imposições características do universo jovem. Exemplo disso é começar a beber para ser aceito e incluído em determinado grupo.
De acordo com Dra. Magda Vaissman, o álcool é visto pela sociedade como um tipo de celebração e é a partir daí que o jovem demonstra os problemas iniciais. “O jovem associa o consumo da bebida com glamour aliado ao desejo de ser adulto”, revela a médica.
Outros fatores também são citados como estímulo ao consumo precoce de bebidas alcoólicas, como o contexto familiar, o cultural, o econômico e a própria curiosidade sobre a bebida Outro processo determinante quanto à influência negativa da substância são as propagandas midiáticas, que exibem imagens de momentos felizes associados ao consumo exacerbado, levando o jovem a inserir esse contexto de felicidade e aceitação em sua vida.
Da euforia à dependência
Em um primeiro momento, o álcool atua como um agente de desibinição e favorecimento na socialização. No entanto, é complexo fazer o jovem compreender que, em longo prazo, essa substância opera como responsável pelo surgimento de doenças crônicas, como a cirrose, que matou o ex-jogador e Dr. Sócrates. Portanto, quanto mais cedo se dá a iniciação ao álcool, maiores as chances de tornar-se um dependente químico.
Devido a essa e tantas outras conseqüências, a psiquiatra alerta que a solução para o problema, compete aos pais, visto que é função deles alertar e conscientizar seus filhos dos perigos e consequências advindos das bebidas alcóolicas.
Por Samira Cunha
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