Nesta quinta, 15 de outubro, é comemorado o dia dos profissionais que se dedicam a ensinar: os professores. Sem dúvida trata-se de uma das profissões mais importantes do mundo, uma vez que sem ela, a transmissão correta de conhecimentos seria impossível, o que consequentemente refletiria no desenvolvimento e evolução da humanidade e de qualquer outra profissão.
A reportagem da Folha FM conversou com duas profissionais. Uma delas entrou recentemente no meio docente, e a outra, já aposentada, dedicou 35 anos de sua vida como professora.
Hévila Christie Pereira Santos tem 30 anos e começou a atuar como professora há apenas quatro meses, na Escola Estadual Padre Café. Ela é graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Ouro Preto, e é professora regente de uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental.
Hévila, portadora de deficiência visual, enfrentou muitos desafios para chegar onde está. “Estudei em escola regular ainda quando a ‘inclusão’ nem era um termo da “moda”, cursei a graduação e a pós-graduação e, muitos obstáculos enfrentei, mas graças a ação de credibilidade e empenho da minha família, estes nem chegaram a ocupar o lugar destinados aos traumas em meu inconsciente”.
A guanhanense afirmou que não pode dizer o mesmo sobre sua inserção no mercado de trabalho formal: “passar em concurso público na vaga reservada à pessoa com deficiência em nosso país, não é como define a lei. O único requisito para inserção da pessoa com deficiência no serviço público é não ser deficiente, já que fui considerada inapta exatamente pela minha deficiência. Este é o meu país, o meu estado, que além de precisar de leis para forçar a inclusão, ainda assim querem a todo custo burlá-las. Eu não tomei posse pela aferência de minha competência, mas por uma determinação judicial,” compartilhou.
Hévila diz ser realizada enquanto professora e afirma que tem aprendido muito com a profissão: “o conhecimento só pode ser construído por todos, quando se reconhece que alunos e professores são as partes menores de um todo que precisam afinar objetivos com vistas à produção de um conhecimento sólido e crítico,” afirmou.
A profissional termina a entrevista deixando uma mensagem a seus alunos:
“Meus queridos educandos, nunca se esqueçam de que podemos ser aquilo que queremos ser, e para sermos o melhor que podemos ser, devemos apoiar naquilo que temos e não naquilo que nos falta. Por isso, nunca deixem de sonhar, acreditar e de se guiar por escolhas socialmente corretas.”
Rousaura de Magalhães Pereira, 59, é formada em Licenciatura Plena em Física, pela Universidade Federal de Minas Gerais e começou a ter contato com a profissão com menos de 13 anos de idade, quando dava aulas para colegas e vizinhos, no quartinho de sua casa.
Ela começou a trabalhar como professora em Guanhães, na Escola Normal Getúlio de Carvalho, ensinando Ciências e Desenho Geométrico para alunos da quarta série do Ginasial, com apenas 17 anos. Com as economias que conseguiu fazer neste período, foi para Belo Horizonte para fazer cursinho e prestar vestibular.
Na capital, Rosaura se manteve, dando aulas particulares e assim que concluiu a universidade, foi contratada pela Escola Estadual Central, como Professora de Física.
Em 1979, a guanhanense participou ativamente da greve dos Professores e da fundação da UTE-MG, hoje, SindUte (Sindicato Ùnico dos Trabalhados em Minas Gerais), onde foi eleita Presidente do Sindicato. Ela também foi Secretária de Formação na CUT (Central Única dos Trabalhadores), exerceu funções de Diretoria no CAPE (Centro de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação) e ainda foi Chefe de Gabinete da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte.
Em 2004, Rosaura voltou para sala de aula. Dois anos depois se aposentou pelo Estado, trabalhou em mais duas escolas da rede pública, e também na Prefeitura de Belo Horizonte até 2011.
A guanhanense que sempre lutou e acreditou na educação do país, amava o que fazia, mas confessou que ao final de sua carreira passou por algumas crises. “Infelizmente, até hoje, não conseguimos a valorização que essa profissão necessita. Haja vista a falta de profissionais para suprir as demandas. Os jovens talentosos não querem ser professores, e isto diz tudo,” afirmou.
Rosaura diz ter se tornando cidadã, ao mesmo tempo em que se tornou professora e se engajou politicamente na luta pela valorização dos Profissionais da Educação, pela melhoria da qualidade do ensino e pela redemocratização política de nosso País. “Quando comecei na profissão, vivíamos os tempos da ditadura militar, hoje temos um Brasil democrático, onde podemos eleger ou destituir nossos governantes e temos liberdade para nos manifestar e intervir nos rumos políticos de nosso país,” avaliou.
Rosaura finaliza, deixando um recado para os profissionais que estão entrando no mercado de trabalho, como a Professora Hévila: “Não desistam. Se organizem e lutem!”
Por Folha
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