População de distrito do Serro pedem reparos na Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres, do século 18. A reforma deve ser feita em 2016
Templo que abriga a fé de quem chega, testemunha a história secular e abençoa um povo apaixonado pela riqueza ambiental de Milho Verde, distrito do Serro.
Assim – e muito mais, segundo os admiradores – é a Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres, do século 18, onde está a padroeira do distrito e constitui um dos expoentes do patrimônio mineiro.
Preocupados com a degradação da igreja, moradores se mobilizam para salvar a construção de importância vital para a comunidade e onde foi batizada a célebre Chica da Silva (1732-1796), escrava alforriada que encantou o contratador de diamantes João Fernandes (1720-1779) e marcou o seu tempo.
O desejo dos moradores tem apoio do Instituto Milho Verde, organização não governamental ligada às questões ambientais, culturais e comunitárias. A diretora-presidente, Valeska de Belli, conta que as atividades continuam sendo realizadas (missas, casamentos, batizados e outros ritos).
“Trata-se de uma igreja muito usada pela comunidade”, afirma. Milho Verde tem cerca de 1 mil habitantes, com uma população flutuante: sua paisagem bucólica atrai muita gente que chega para passar uns dias, decide morar por uns tempos e depois segue viagem. Ou fica para sempre.
BEM CULTURAL
O secretário municipal de Cultura, Turismo e Patrimônio do Serro, Pedro Farnesi, tem conhecimento da situação da matriz. “Há problemas no telhado, nas imagens, enfim, na estrutura e nos elementos artísticos. Por ser um bem tombado pelo estado (Decreto Estadual 20.581, de 26 de maio de 1980), não podemos fazer qualquer intervenção sem autorização”, diz Farnesi, que já recebeu a visita de moradores de Milho Verde.
“É um templo de grande beleza, onde foi batizada Chica da Silva. Há documentos comprovando essa e outras passagens da história”, afirma o secretário. Ele destaca alguns aspectos da arquitetura, entre eles, a torre do sino, que fica na parte externa.
O arquiteto Daniel Quintão, do escritório 03L Arquitetos, de Belo Horizonte, destaca outras preciosidades da igreja. Em 2013, ele e sua equipe fizeram um projeto de restauração da parte civil e dos elementos artísticos para o Programa Minas Patrimônio Vivo, do Iepha.
“Já houve várias repinturas e raspagem das paredes internas. Foi feita uma prospecção e vimos que há ‘chinesices’ em alguns dos retábulos”, afirma Daniel. Derivada da palavra francesa chinoiserie, ‘chinesice’ é o conjunto de pinturas que recriaram, no século 18, em igrejas e capelas de Minas, os pagodes ou pagodas (tipo de torre com fins religiosos comuns na China e outros países da Ásia), animais e paisagens.
PROJETO APROVADO
A diretora de Conservação e Restauração do Iepha, Soraia Farias, explica que, conforme o projeto elaborado em 2012, dentro do Programa Minas Patrimônio Vivo, e já aprovado, o custo da obra está em torno de R$ 2 milhões. Ela adianta que a restauração foi incluída no orçamento de 2016. O tombamento do Iepha inclui os elementos de pintura, talha, imaginária e alfaias.
Com Estado de Minas/Edição Folha
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