Julho é o mês de férias escolares e da temporada dos ventos. A combinação agrada crianças e adolescentes, que aproveitam para soltar pipas. Mas o que é uma simples diversão pode causar acidentes graves e problemas no fornecimento de energia elétrica.
Segundo levantamentos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), o número de ocorrências relacionadas a interrupção no fornecimento de energia elétrica decorrentes da linha altamente cortante na rede elétrica assusta. Só neste ano, 851 casos foram registrados, o que corresponde a 280 mil consumidores afetados.
Outro levantamento da Cemig aponta que, nos últimos dois anos, foram registrados em todo Estado um acidente com vítima fatal e outros três com ferimentos graves decorrentes da utilização do cerol.
A Companhia identificou que a maioria dos acidentes acontece quando o papagaio fica preso na rede elétrica e as crianças tentam retirá-lo utilizando materiais condutores, como pedaços de madeira ou barras metálicas.
A preocupação e válida e requer atenção também em Guanhães. Nos últimos dias, a reportagem da Folha registrou três casos envolvendo papagaios.
Um deles aconteceu dentro da empresa. Na segunda (27), ao chegarem para trabalhar, os funcionários depararam com um papagaio caída na área, próximo a redação do jornal. Trazida pelo vento, o “brinquedo” ainda tinha um resto de linha contendo cerol (mistura de cola com caco de vidro). Ainda nas imediações da empresa, outro papagaio foi encontrado nessa segunda-feira (4), também com um restante de linha contendo cerol.
Na última sexta-feira (6), a reportagem flagrou uma extensa linha, aparentemente não cortante, presa em uma das árvores da Praça Néria Coelho Guimarães.
No momento, alunos que retornavam das escolas passavam pelo local e alguns deles tentaram retirar a linha até perceberem que não tinha mais o papagaio. Um coletor, que preparava o lixo para ser levado pelo caminhão, passou pelo local, terminou de retirar a linha e alertou os adolescentes do perigo.
Sabendo dos riscos, a reportagem da Folha entrou em contato com a Polícia Militar que alertou que é proibido o uso de pipas com linha cortante em áreas públicas e comuns em todo o território do Estado de Minas Gerais (Lei estadual n° 14349/2002, artigo 1°).
Assim, os responsáveis por menores que se envolverem em acidentes relacionados com o uso de cerol serão responsabilidades civil e penal, no caso de se registrarem, com o uso do cerol, danos a pessoa física, ao patrimônio público ou à propriedade privada.
A PM ainda deu dicas sobre os cuidados que se deve ter ao soltar pipas/papagaios:
- Jamais utilize na linha o cerol (mistura de cola com caco de vidro) para empinar papagaios ou pipas;
- Não empine papagaios ou pipas em cima de lajes ou telhados. O risco de acidente por queda é muito grande;
- Evite fazer papagaios ou pipas com papel laminado. Evite brincar perto de antenas, fios elétricos ou cabos elétricos. Prefira locais abertos como praças e parques. O risco de choque é muito grande;
- Tenha mais atenção com ruas e lugares movimentados, porque no momento de empinar pipas ou papagaios, só olhamos para o alto e por isso, corremos o risco de acidentes;
- Tenha atenção especial com os motociclistas e ciclistas, a linha pode ser perigosa para eles;
- Se a pipa enroscar em fios, não tente tirá-la. É melhor fazer outra. Nunca use canos, vergalhões ou bambus. Eles podem se transformar em condutores de eletricidade e você corre o risco de tomar um choque. Ao correr atrás das pipas, muito cuidado com o trânsito;
Por Folha
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