Com a escassez de água presente na vida de todos os brasileiros e com o receio de um possível racionamento, moradores de Guanhães armazenam água em suas casas e os riscos para a saúde é um dos grandes problemas que trás essa nova prática.
O armazenamento inadequado de água pode elevar a proliferação do mosquito transmissor da dengue e chinkungunya, e elevar o risco à saúde da população guanhanense.
É o que pensa, também, a auxiliar de serviços gerais Neuza Maria Correia Fernandes, de 57 anos, moradora do Bairro Vista Alegre, que armazena água da chuva em tambores. “Reutilizo a água de chuva e quando não está chovendo, reciclo a água da máquina e guardo para depois reaproveitar para lavar varanda, banheiro e terreiro”.
Para Neuza, as pessoas não podem ficar gastando água, economizar é a palavra de ordem, “Nós não estamos podendo gastar água, temos que economizar e se não fizermos isso o mais rápido possível, vamos ficar sem água. O povo deveria se conscientizar da gravidade da situação. Vai faltar água, aliás, em muitos lugares já falta água”, e continua “eu desço para o trabalho de manhã e tem gente que está lavando a calçada, seis e pouco da manhã. É triste demais”, conta a auxiliar de serviços gerais.
A senhora ressalta alguns cuidados que ela tem ao armazenar água. “Eu só fico com a água uns dois, três dias e coloco água sanitária para poder durar um tempo maior. Além de guardar a água em tambores com tampas, coloco um pano em volta como forma de proteção”. E prossegue, “eu comecei a fazer isto depois da crise hídrica que começamos a enfrentar no país, antes não tinha este costume”, finaliza.
Moradora do Bairro Amazonas, em Guanhães, a comerciante Varlene Albino, de 37 anos, conta que já adotava o sistema de reutilização da água em casa muito antes da crise hídrica. “Uso a água da máquina de lavar e a reutilizo na descarga do banheiro, para lavar um passeio e banheiro”, explica.
Varlene diz que não tem o costume de guardar água de um dia para o outro. “Normalmente pego aquela água e utilizo na mesma hora, não guardo por mais tempo. Lavo a roupa na parte da manhã e na parte da tarde lavo o passeio”, finaliza.
Caixas d'Água
Em época de crise, outro tema relevante é quanto aos cuidados com as caixas d'água. Varlene Albino conta que mantém a caixa de sua casa sempre fechada. “Tampo a caixa d'água, mas não limpo de seis em seis meses, não tenho esse hábito”.
Já a comerciante Solange Inácio Marçal, moradora do Centro de Guanhães, observa a importância da limpeza da caixa de seis em seis meses. “Sempre limpo a caixa da minha casa dentro desse período e fica tudo tampado”, explica a cidadã.
Reuso eficiente e com cuidados
A Coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Guanhães, Neuza Aparecida Mendes Pereira, e a Coordenadora de Endeminas do município, Vera Lúcia Pinto Costa, reforçam que a estocagem da água, seja de reuso ou de chuva, deve ser feita com cuidados redobrados.
“Temos que fechar bem o recipiente que for estocar a água, porque pode se transformar num criadouro para a dengue e a febre chikungunya. Não se devem deixar quaisquer vasilhames acumular água sem os cuidados devidos e sempre recolher todo o lixo de dentro de casa e do terreiro”, afirma Neuza.
A coordenadora ainda alerta para o tempo que se pode ficar com a água estocada em casa. “Se estiver bem fechado, pode-se deixar a água durante uma semana. Na verdade o ciclo do mosquito é de uma semana.
Os vasilhames devem ser lavados a cada troca de água. Se não puder fechar com uma tampa, pode ser trocado por uma tela, mas o importante é vedar bem para que o mosquito não tenha acesso”, alerta.
Irresponsabilidade
Neuza conta um sobre um caso recente acontecido com um agente da saúde. “Tivemos uma solicitação para que uma equipe da Secretaria fosse a uma casa, cuja calha estava acumulando água. A vizinha nos disse que foi conversar com a moradora da casa e pedir que ela tomasse os cuidados necessários e a resposta que obteve é que ela não tomaria nenhum cuidado e que a dengue poderia chegar que ela não se importava. Todos da nossa equipe ficaram muito tristes com esta declaração pois, todos estão muito bem treinados e trabalhando para valer. Mas Guanhães é uma cidade grande e se cada um não fizer sua parte, vamos ter aumento no número de casos de dengue e chinkungunya”, desabafou a funcionária pública.
Números
Segundo Neuza, somente este ano já foram notificados cinco casos da dengue, mas nenhum deles com resultado positivo. “Mas, sem os devidos cuidados, a tendência é que os números cresçam e muito”, finalizou a Corrdenadora.
Por Folha com colaboração do estagiário Folha, Diego Rafael
Foto: Diego Rafael
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