“Ai, meu Deus, acharam nossos livros! Espera que vou chamar o diretor...”, comemorou Sueli, assistente da secretaria da Escola Estadual Intendente Câmara, ao ser informada de que nova remessa de livros didáticos com o selo de entrega dos Correios havia sido localizada ontem na beirada do córrego Ribeirão das Neves, na cidade de mesmo nome, na Região Metropolitana de BH.
Segundo o diretor da unidade de Morro do Pilar, na região da Serra do Cipó, Cácio Geraldo de Paula, este ano 162 alunos deixaram de receber os 2.045 livros das 10 disciplinas do ensino médio. A mais prejudicada foi uma deficiente visual do 3º ano, que esperava estudar no conteúdo disponível em CDs e DVDs.
“A sorte é que nós sempre guardamos os livros usados do ano anterior, para qualquer eventualidade. Orientamos os professores a tentar atualizar o conteúdo por meio da internet e abrimos nossos computadores para consultas dos alunos”, disse o diretor da escola. Os livros deveriam ter sido entregues até fevereiro passado.
Cácio nem chegou a estranhar a demora excessiva, pois em 31 anos de escola já houve época em que os livros chegavam defasados em até um ano. “Nesta administração, porém, ainda não tinha acontecido. Recebemos dois ofícios, um da Superintendência de Estado da Educação e outro do Ministério da Educação informando que o material talvez não chegasse a tempo, mas sem maiores explicações”, completou ele, que cogitou que os cortes no orçamento tivessem afetado o Programa Nacional do Livro Didático.
A escola da Serra do Cipó era a destinatária da maioria dos 2.833 livros jogados no lixo, além de CDs e DVDs que estão em poder da Superintendência da Polícia Federal de BH.
Ontem, foram localizados mais 173 unidades. Na véspera, já haviam sido resgatados 730 em Ribeirão das Neves e, no último domingo, a maior parte foi encontrada pela PM. Nada menos que 1.930 unidades foram resgatadas em Neves. O material recuperado está em bom estado.
“As investigações estão incipientes. Há uma referência de um PM, que ouviu de populares que poderia ter ocorrido furto de carga dos Correios”, afirmou o superintendente da PF em Minas, Sérgio Barboza Menezes. Foi instaurado inquérito para apurar o crime. No pátio da PF há uma caminhonete dos Correios, apreendida em junho, mas os federais não informam se há relação com o caso.
Por Folha Com Estado de Minas
Foto Estado de Minas
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