A Educação integral foi fundamental para mudar a realidade dos jovens que moram em Inhaí, zona rural de Diamantina. Uma estrada de terra em mau estado, coalhada de pedregulhos com cinco precárias pontes de madeira é o único acesso para o distrito.
É ali, em uma das regiões mais pobres de Minas Gerais, que se encontra a Escola Estadual João César de Oliveira, vencedora nacional do prêmio Itaú-Unicef de 2015 com o projeto Eu, Você e a Escola, Educação que Transforma.
Feito em parceria com a Organização da Sociedade Civil Projeto Caminhando Juntos (Procaj), de Diamantina, o projeto de educação integral melhorou o rendimento e a autoestima dos alunos, trouxe mais tranquilidade para as aulas e aumentou o diálogo e a participação da comunidade.
"Havia muita violência, os alunos tiravam sangue mesmo", diz a diretora Eliane Sales Pereira, uma das idealizadoras do projeto, que foi para Inhaí como professora de História e assumiu a direção da escola em 2007.
Além da agressividade, existia outros problemas: sem autoestima, os alunos não tinham perspectivas de um futuro melhor. Muitos estudavam alguns anos e logo voltavam para o garimpo, principal atividade da região até poucas décadas atrás. A equipe de professores estava desunida e desmotivada, e o rendimento dos alunos era baixo. Foi então que surgiu a ideia de a escola trabalhar com o Procaj, OSC que realiza ações na região.
O primeiro resultado da parceria foi um dia de "ação global": cada sala da escola foi transformada em um atendimento para a comunidade, como médicos, nutricionistas, advogados, salão de beleza, aula de futebol, posto de emissão de documentos. Com o sucesso da ação, a equipe passou a delinear novas estratégias.
Escola de portas abertas
Nesse levantamento, logo saltou à vista a demanda dos alunos por estarem na escola nos outros turnos, fora dos seus horários de aula. "A comunidade é pequena, só tem um mercado, uma igreja, uma praça. Eles não têm outro lugar para ir, para socializar", diz Eliane.
A escola começou então a abrir aos sábados, com oficinas extracurriculares, como futebol, dança afro, artesanato popular, violão, horta, corte de cabelo e manicure. Ministradas por voluntários da comunidade, as oficinas partiram dos interesses dos próprios jovens.
Com o apoio do Procaj, a escola passou a receber também, durante a semana, educadores da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucurí (UFVJM), para tratar de temas como combate à dengue e luta contra o abuso sexual.
O trabalho feito pela escola foi reconhecido em 2015, quando o projeto foi vencedor nacional prêmio Itaú-Unicef de Educação e Participação. O dinheiro foi usado para investimentos em infraestrutura, como pintura do prédio, troca do alambrado e da caixa d'água, reforma na quadra, além de permitir um reforço na alimentação escolar e excursões educativas com os alunos.
Por Terra/Edição Folha
Foto: Reprodução Internet (Alcídes/ferias.tur.br)
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