A direção do Presídio de Peçanha acreditando que ainda existem alternativas para o sistema carcerário brasileiro resolveu quebrar paradigmas, e em parceria com o Poder Judiciário e Conselho Comunitário Municipal, inovou, e pela primeira vez, levou o tão importante momento da Ceia de Natal para o interior dos pavilhões do presídio.
Inspirada nos moldes da marcante e particular Ceia de Natal familiar, a direção convidou os familiares dos 90 detentos para que, juntos, e dentro das medidas de segurança como escala diferenciada de Agentes Penitenciários e apoio da Policia Militar, pudessem desfrutar desse momento especial, realizado durante toda manhã de sábado (17).
Segundo o diretor geral do presídio, Daniel Rafa S. Camargos, a participação da família na reintegração do preso ao convívio social é um fator essencial para que a socialização surta efeitos positivos.
“Socializar é dar ao preso o suporte necessário para reintegrá-lo á sociedade, tanto a saúde física como a psíquica é essencial a todo ser humano, estando ela intimamente ligada a qualidade de vida. Quando estes detentos passam por uma socialização, ou participam em algumas das associações que disponibilizam atividades, eles tem uma base, uma certa segurança para conseguirem se reerguer e não mais voltarem para o mundo do crime, conseguirem ali, por si só, mostrar que são úteis e aptos para retornarem à vida social”
Ainda sobre o evento, que teve a colaboração dos detentos e da comunidade local na decoração, Daniel esclareceu: “a intenção deste evento não foi defender indivíduos criminosos e muito menos os delitos praticados por eles, mas sim buscar alternativas que sejam eficazes para a não falência do Sistema Prisional Brasileiro, já que está mais que comprovado que a pena privativa de liberdade da forma com que está sendo utilizada não está surtindo os efeitos necessários, pelo contrário, só está agravando ainda mais a situação em que se encontra. Quando as pessoas acreditam na capacidade de mudança, acaba fazendo com que os indivíduos comecem a acreditar neles mesmos”.
E ele ainda acrescentou: “O que falta na realidade é o comprometimento de todos, para que sejam postas em prática ações que procurem reduzir os níveis de violência e auxiliem na recuperação do detento, afinal a finalidade da pena não é somente punir o condenado, mas também socializá-lo”.
Por Folha
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