O tradicional prato de feijão com arroz por um sanduíche rápido. Frutas por biscoitos. Hortaliças por frituras. Substituições como estas estão aguçando o paladar dos brasileiros cada vez mais.
De acordo com a coordenadora de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do Ministério da Saúde, Déborah Malta, o país enfrenta, atualmente, uma espécie de transição nutricional, já que hábitos até então comuns como o consumo de arroz e feijão registraram queda, enquanto carnes gordurosas e alimentos embutidos passaram a ser amplamente consumidos.
A nutricionista que atua em Guanhães, Luciane Duarte concorda com Déborah Malta. “Atualmente a população brasileira se alimenta muito mal. Devido o dia a dia corrido, dão preferência aos fast food, ou seja, fazem refeições de forma mais rápida e fora de casa, e ainda se tornam sedentários, principalmente classe média e alta. A classe baixa, devido ao alto custo, não consegue manter uma alimentação saudável, consumindo apenas alimentos da cesta básica”.
Segundo dados da pesquisa Vigitel 2010, 48,1% da população adulta no país estão acima do peso, enquanto 15% dos brasileiros estão obesos. O estudo indica ainda que apenas 18,2% das pessoas consomem cinco porções de frutas e hortaliças por cinco dias ou mais por semana; 34% consomem alimentos com elevado teor de gordura e 28% consomem refrigerantes cinco ou mais dias por semana.
O consumo diário de sal no Brasil, atualmente, é de 12 gramas – mais de duas vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Já o açúcar é consumido de forma considerada exagerada por 61,3% da população.
O alerta de Luciane Duarte é quanto às doenças que podem ser ocasionadas a partir do alto consumo de gordura e sal. “Os riscos desses alimentos são as doenças como hipertensão arterial, colesterol e triglicérides alto, doenças cardíacas e para quem tem diabetes eleva ainda mais a glicose e origina outras complicações”.
Diante dos resultados da pesquisa, Déborah Malta diz que a meta do Ministério da Saúde é estabilizar o quadro de excesso de peso e obesidade entre adultos até a próxima década e, ao mesmo tempo, diminuir os índices entre crianças e adolescentes. A pasta firmou, em abril deste ano, um acordo com a indústria alimentícia com foco na redução de sal e de gorduras trans na fabricação de produtos como macarrões instantâneos.
Por Samira Cunha
Deixe um comentário