A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou em Guanhães, nesta quinta-feira (21), uma audiência pública para debater sobre o atual cenário da saúde pública, em especial as condições do Hospital Imaculada Conceição.
O encontro aconteceu no plenário da Câmara com a presença de prefeitos, secretários municipais, vereadores e moradores de nove municípios, além de funcionários do Hospital Regional Imaculada Conceição. A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) divulgou após a audiência que representantes e população clamam pela salvação do HIC, que passa por sérias dificuldades financeiras e carência de equipamentos e médicos especialistas.
O hospital público atende a 22 municípios da região que, juntos, somam uma população aproximada de 250 mil pessoas, segundo o prefeito de Guanhães Osvaldo de Castro Pinto. A instituição depende da verba do Sistema Único de Saúde (SUS) que, conforme o prefeito é insuficiente. O hospital não tem Centro de Tratamento Intensivo (CTI) nem equipamentos de hemodiálise e convive com a falta crônica de médicos, como, por exemplo, pediatras e anestesistas.
O provedor da Associação de Caridade Nossa Senhora do Carmo, mantenedora da instituição, Guido Carvalho Júnior, afirmou que são atendidas aproximadamente 4,5 mil pacientes por mês, mas outros milhares não conseguem atendimento no hospital e precisam recorrer a outras cidades como Diamantina, Itabira e Belo Horizonte. O hospital registra um déficit mensal de R$ 400 mil e, no ano passado, precisou pagar uma dívida de R$ 1 milhão com o próprio patrimônio. "Não podemos mais acumular dívidas e perder mais patrimônio", pediu.
Um consórcio formado por todos os municípios está tentando salvar o hospital, mas, de acordo com o presidente do consórcio, o prefeito de Carmésia, Roberto Keller Carvalho Gonçalves, apesar de todos os esforços, os recursos não estão sendo suficientes para sanar a crise da saúde na região. Algumas prefeituras ameaçam sair do consórcio por dificuldades financeiras.
O vereador de Guanhães, Dermeval de Pinho Tavares Neto, fez um desabafo emocionado. Ele disse que muitas vidas já foram perdidas por falta de assistência. "O sofrimento é terrível", lamentou ao citar alguns dramas de pessoas que precisam buscar atendimento médico fora do município. Ao reclamar que não faltam verbas para a Copa do Mundo, que vai durar apenas 30 dias, mas não há mais repasses para o hospital, Dermeval preconizou: "muitos não vão poder ver a Copa porque não tiveram acesso a uma consulta ou exames".
Participantes cobram promessas de campanha
Os participantes da audiência cobraram a implantação de uma Gerência Regional de Saúde (GRS) prometida pelo governador Antonio Anastasia na época de sua campanha ao governo estadual. A jornalista da Folha de Guanhães, Filó Generoso, passou um vídeo de um comício na cidade, no qual ele fez a promessa. Na avaliação de outros participantes, a implantação da GRS ampliaria o repasse de recursos para a cidade e poderia evitar o fechamento do hospital.
O deputado Luiz Carlos Miranda (PDT), um dos autores do requerimento da audiência e que presidiu a reunião, se comprometeu a procurar o governador para solicitar as soluções dos problemas. Miranda pediu aos prefeitos que não abandonem o consórcio e estimulou aos moradores a se unirem pela recuperação do hospital. "Não podemos aceitar passivamente, é preciso reagir", estimulou. O deputado lembrou que o hospital tem boa estrutura física, mas precisa de verba para funcionar e contratar mais profissionais.
Sugestões – A servidora da Vigilância Sanitária de Guanhães, Luíza Amélia Barbosa, sugeriu que a Assembleia Legislativa faça esforços para que seja implementada uma rede de apoio à saúde na cidade, como centros de saúde, de prevenção e de transporte. A medida, em seu entendimento, pode reduzir a demanda de atendimento no hospital e melhorar a atenção aos pacientes.
A jornalista Filó Generoso concordou que o transporte é fundamental para os pacientes que precisam se deslocar ao próprio hospital ou a outros municípios. Ela sugeriu uma linha direta entre Guanhães e Diamantina, para onde são levados os casos mais graves. Também sugeriu melhorar a infraestrutura do aeroporto de Guanhães, para permitir o transporte dos casos de urgência e emergência. Muitos que se manifestaram na audiência pediram, também, a regulamentação da Emenda (à Constituição) 29, que define o montante de investimentos públicos em saúde.
O presidente da Câmara Municipal de Guanhães, Alberto Magno Dias, anunciou que o parlamento municipal está fazendo economias nos gastos para destinar a sobra de verbas para o hospital. Segundo ele, devem ser repassados à instituição entre R$ 200 mil e R$ 300 mil até o final do ano.
Com ASCOM ALMG
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