Chaminés fumacentas, escapamentos desregulados e aeronaves queimando combustível mundo afora. Essas são as imagens mais comuns que temos da poluição do ar. Mas esse problema está dentro da nossa própria casa e pode provocar sérios danos à saúde.
De acordo com um novo estudo, elaborado pelas instituições britânicas Royal College of Pedriatics e Royal College of Physicians, a sujeira gerada no dia a dia em ambientes fechados contribuiu para a morte de 99 mil pessoas na Europa em 2012. O problema é particularmente grave para bebês e crianças.
“O desenvolvimento do coração, dos pulmões, do cérebro, dos sistemas hormonais e da imunidade pode ser afetado por essa poluição”, afirma o relatório. “As pesquisas estão começando a apontar os efeitos no crescimento, na inteligência, na asma e no desenvolvimento do cérebro e da coordenação. O dano causado a bebês e crianças provoca impacto duradouro”.
Dentro de casa, a poluição é gerada por fumo, caldeiras, fogões e aquecedores, assim como químicos usados em móveis, desodorantes, aromatizadores de ar e produtos de limpeza doméstica. Ácaros, mofo e pelos de animais de estimação também podem provocar danos à saúde. Junto com a poluição externa, a sujeira no ar é responsável pela morte de 40 mil pessoas por ano somente no Reino Unido, provocando prejuízo estimado em US$ 28 bilhões (R$ 110 bilhões).
“Nós sabemos como a poluição do ar tem um impacto substancial em muitas condições crônicas de longo prazo, aumento de AVCs e ataques cardíacos em pessoas suscetíveis. E agora há evidência convincente de que a poluição do ar está associada a novo aparecimento de asma em adultos e crianças”, disse Stephen Holgate, professor da Universidade Southampton e líder do estudo, em entrevista ao jornal “The Guardian”.
No ano passado, o governo britânico perdeu uma batalha legal e foi obrigado a montar um plano de ação para reduzir os níveis de poluição do ar, que estão acima dos níveis permitidos em muitas regiões do país. Se for bem-sucedido, o programa pretende reduzir a poluição a níveis legais até 2020 na maioria das cidades e, em Londres, até 2025.
Contudo, o novo relatório aponta que, apesar de os governos e a Organização Mundial de Saúde (OMS) definirem limites aceitáveis de poluição, não existe, na verdade, um nível seguro de exposição, pois qualquer exposição possui riscos. O estudo recomenda uma série de medidas para enfrentar o problema, incluindo regulações mais duras para limitar a poluição do ar, como testes confiáveis das emissões de veículos.
Outra medida sugerida é que as autoridades tenham o poder para fechar ou desviar o trânsito de ruas para reduzir o tráfego, especialmente perto de escolas, quando os níveis de poluição estiverem altos. Para a poluição “indoor” são necessários mais estudos.
Flash
Alergia. De acordo com estudo da Universidade de Washington, quase um terço das pessoas com asma são supersensíveis a alguns compostos químicos usados para melhorar o aroma dos ambientes.
Impureza do ar contribui para o aumento de casos de AVC
Cientistas estabeleceram uma correlação entre o aumento da quantidade de pessoas com Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a alta dos níveis de poluição. O estudo foi baseado em dados da China e dos Estados Unidos, “os dois países que mais emitem gases de efeito estufa”, justifica o principal autor, Longjian Liu.
Analisando a qualidade do ar de 1.118 municípios dos EUA, e 120 cidades da China, a pesquisa se debruçou sobre os níveis de material particulado (PM, na sigla em inglês) – partículas encontradas no ar, incluindo poeira, sujeira e fumaça – e, especialmente, os níveis de partículas menores que 2,5 micrômetros de diâmetro (PM 2,5) – criadas a partir da combustão de carros, usinas de energia e incêndios florestais.
Somando-se o resultado dos dois países, o número de casos de AVC aumentou 1,19% para cada 10 microgramas por metro cúbico de ar de PM2,5.
Por O Tempo
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