Um vídeo de doação de leite em São João Evangelista realizada na última quinta-feira (24) , foi publicado nas redes sociais, viralizou e já alcançou mais de 82 mil pessoas. A repercussão não poderia ser diferente, pois se trata de SOLIDARIEDADE. A atitude louvável partiu da jovem veterinária, Letícia Abdala Pascoal, que junto da mãe, administra a fazenda deixada pelo pai, que faleceu há 5 anos.
A reportagem da Folha conversou com Letícia, que super-receptiva, nos contou o que a motivou. “Com a greve dos caminhoneiros não tinha como o laticínio para o qual vendemos buscar a produção na fazenda. Então, armazenamos e tentamos acionar outros, mas também eles não poderiam pegar. Como não tenho coragem de jogar fora pensei na doação e minha mãe e irmã apoiaram a decisão. Foi aí que conversei com o meu amigo Desinho, que conhece todo mundo na cidade, e ele organizou toda a logística e entrou em contato com as instituições. Ele contou com a ajuda também do Vinícius que fez o comunicado”, explicou.
E ela compartilhou: “no outro dia, quando cheguei lá, vi aquela fila enorme e fiquei muito feliz”. Ao todo foram doados 6.000 litros não só pra comunidade e instituições, mas para os moradores da própria fazenda e vilarejos ao redor. Letícia que se diz meio “off” das redes sociais só foi saber da repercussão da sua atitude pelos amigos.
“Quando me contaram fiquei surpresa, mas não podia ter feito de outra forma, foi de coração. Se não tivesse combustível talvez acabasse descartando como muita gente, que às vezes, não doa porque não te como fazer isso, mas graças a Deus deu certo. A produção é muito grande, é o esforço de toda equipe da fazenda, não dava pra simplesmente para jogar fora. No dia seguinte, outro laticínio conseguiu buscar a produção, mas não sabemos até quando. E se acontecer de novo, eu não vejo problema algum em doar novamente, estamos no mesmo barco, lutando pelo mesmo ideal”, ressaltou dizendo ainda: “temos que ser solidários”.
Sobre a atitude da amiga, Edésio Procópio Duarte, proprietário de uma papelaria na cidade, foi enfático. “Achei perfeito, tanto que apoiei e ajudei a fazer acontecer. Publiquei nas redes sociais e o pessoal compareceu em peso aqui na porta de casa. Nosso único interesse foi o social, de ajudar, de fazer nossa parte enquanto cidadão”.
Moradores do bairro Mangueiras usam leite para alimentar caminhoneiros
A enfermeira, Cristiany Araújo, viu na solidariedade uma oportunidade de também fazer o bem. “Na minha casa ninguém toma leite, somos todos zero lactose, mas vi em uma postagem que estavam distribuindo o leite e pensei logo nos caminhoneiros que estavam parados”, contou.
Ela explicou ainda que contou com a ajuda dos vizinhos. “Ao ver a distribuição do leite eu arrumei dois galões, enchi de leite, deu quase uns 40 litros, fiz um café com leite e uma queimadinha, minha vizinha se prontificou a me emprestar os vasilhames, o restante dos meus vizinhos ajudaram na vaquinha para comprar o pão, e então, fizemos o lanche e levamos a noite para eles.”
Envolvida pelo espírito solidário ela finalizou: “às vezes a gente reclama tanto da vida e tem tanta gente precisando, e nesse momento, não é só eles que estão parados, essa greve é em prol de todos nós, quem me dera se eu pudesse fazer mais por eles”, comentou a profissional.
Por Folha