A gastronomia de Minas Gerais, por sua história e diversidade, vem sendo trabalhada para se tornar patrimônio cultural imaterial do estado e do país. Alguns passos em andamento, inclusive, serão fundamentais para, mais adiante, ser pleiteado junto à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) o posto da Cozinha Mineira como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Para se chegar a esse objetivo, neste momento, já começaram os estudos da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult) e do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) para o reconhecimento. Outra ação articulada pelos órgãos também já está programada para a sequência, com a solicitação do registro da Cozinha Mineira como patrimônio do Brasil ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Segundo o secretário, a culinária mineira não apenas movimenta uma imensa cadeia produtiva, mas também tem base sólida na agricultura familiar, que considera fundamental como instrumento para a valorização dos produtores, para a preservação da tradição e para o desenvolvimento sustentável.
A chegada deste reconhecimento, na avaliação do presidente da Frente da Gastronomia Mineira (FGM), Ricardo Rodrigues, irá projetar o estado mundialmente de forma orgânica, tendo em vista que a cozinha representa um dos principais atrativos turísticos de Minas Gerais.
“A Cozinha Mineira, representada pelo respeito aos alimentos, pelo trabalho muito bem feito do campo à mesa, pelos mais variados ingredientes, modos de fazer e estilos de servir, traz uma identidade muito única e nos coloca no patamar das cozinhas mais bem representativas do país. Por esses e vários outros motivos ela já é e vai ser ainda mais um canal indutor do turismo nos níveis regional, nacional e internacional”, pontua Rodrigues.
Internacional
Atualmente, a Unesco reconhece algumas tradições relacionadas a alimentos e bebidas como parte da Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Entre eles estão a dieta mediterrânea, da região Mediterrânea, a cozinha tradicional mexicana, do México, a refeição gastronômica dos franceses, da França, a base da culinária japonesa, chamada de Washoku, além de pratos e ingredientes específicos de países como Armênia (Lavash) e Turquia (café).
Com o reconhecimento na lista da ONU, há a possibilidade de se confirmarem algumas tendências de viagens para os próximos anos, motivadas por experiências gastronômicas e maior proximidade com as comunidades locais. Nesta análise, a Secult considera apontamentos de pesquisas de empresas que prestam consultoria para a indústria do turismo em nível internacional.
Com base nos aspectos da diversidade, da história, da identidade e dos modos tradicionais de fazer, a Cozinha Mineira já é um prato cheio para os viajantes que saem em busca de experiências aconchegantes em Minas Gerais, que é o único estado brasileiro presente na lista das dez regiões mais acolhedoras do mundo, segundo a Travellers Review Awards 2021, da empresa Booking.com.
“Em Minas Gerais já temos o registro do Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas nas regiões do Serro, da Serra da Canastra e do Salitre, e está em andamento o registro do Ofício das Quitandeiras de Minas. Estes saberes tradicionais constituem expressões de mineiridade e seus detentores os transmitem a cada geração", observa a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. Para além do ato de se alimentar, acrescenta ela, "a riqueza gastronômica contribui diretamente no processo de valorização do turismo cultural e do desenvolvimento social e econômico".
Pioneirismo
O olhar para os sabores da Cozinha Mineira já faz parte das ações de reconhecimento dos bens culturais de natureza imaterial de Minas Gerais desde seus primeiros processos. Em 2002, o Iepha-MG registrou o Modo de Fazer o Queijo Artesanal da Região do Serro, que se tornou o primeiro registro imaterial do país. Desde então, muito se avançou no campo da preservação do patrimônio cultural de natureza imaterial.
Por Agência Minas/Edição Folha
Foto: Agência Minas