O Canastra e o Serro talvez sejam os mais famosos queijos, ao lado dos também tradicionais Araxá, Serra do Salitre, cerrado, Triângulo Mineiro e Campo das Vertentes. Mas a tradição do queijo em Minas Gerais, ofertado por mais de 30 mil produtores, vai muito além das sete microrregiões reconhecidas pela produção da iguaria que se tornou patrimônio imaterial brasileiro.
Com a valorização da produção artesanal e o reconhecimento mundial dos queijos mineiros, multiplicam-se localidades no estado que batalham para serem vistas e ganhar atestado de identidade geográfica como produtora da iguaria. Diamantina é uma delas. O município quer se tornar a oitava região produtora do chamado queijo minas artesanal feito do leite cru.
O processo para o reconhecimento da identidade geográfica, que vai permitir que produtores usem essa denominação, está em curso na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG).
Além das sete regiões produtoras do queijo minas artesanal, a Emater já atestou a identidade geográfica de outras seis regiões que produzem outros tipos de queijo, entre elas, região do Suaçuí. Fora do circuito do queijo minas artesanal de leite cru, há também outras solicitações junto ao órgão público.
O entusiasmo no setor tem relação com uma valorização e premiação da produção artesanal. Este ano, o queijo minas artesanal, produzido com leite cru, recebeu 50 medalhas em concurso na França. A ascensão da iguaria tem ainda como pano de fundo a regulamentação do Selo Arte pelo Ministério da Agricultura, selo nacional para produtos alimentícios artesanais, como lácteos, mel e embutidos, serem vendidos em todo o país, dando a chance ao comércio do queijo artesanal mineiro de sair da clandestinidade, já que até então a venda é proibida fora das divisas do estado. O mercado internacional também demonstra maior abertura, com acordos com a China e a União Europeia.
Altitude
Com 15 produtores, Diamantina e mais sete municípios do entorno não veem a hora de serem atestados como microrregião produtora do queijo minas artesanal de leite cru. “Estamos em altitudes que vão de 800 a 1.420 metros, em cima da cordilheira, o que confere uma característica muito especial ao queijo”, afirma o vice-presidente da Associação de Produtores de Queijo da Região de Diamantina (Aprodia), Ewerton Abaeté, produtor do Queijo Braúnas, medalha de ouro no festival Queijo Brasil.
A expectativa é de que, nos próximos seis meses, a microrregião queijeira de Diamantina torne-se a oitava região produtora do queijo minas artesanal. A intenção é associar a atividade turística na cidade colonial à produção artesanal de laticínios. A nova microrregião deve englobar mais de cinco municípios. Um extenso inventário sobre as características em comum e dados históricos sobre a produção queijeira foram levantados para embasar o processo.
Por Estado de Minas/Edição Folha