A mineradora Anglo American negocia com moradores de quatro comunidades de Conceição do Mato Dentro, para que sejam realocados em outras áreas. A preocupação é retirá-los das áreas próximas à única barragem da empresa.
"Já faz algum tempo que estamos conversando sobre realocação com as comunidades. A percepção de risco pela comunidade mudou após o rompimento da barragem de Brumadinho. As pessoas estão com mais medo e isso é compreensível. Respeitamos esse sentimento", informa a Anglo American.
A estrutura tem atualmente tem capacidade para 55 milhões de metros cúbicas, mas a mineradora obteve em dezembro do ano passado licença para ampliá-la até 167 milhões de metros cúbicos. Com isso, ela será 14 vezes maior que a barragem da Vale que se rompeu em Brumadinho (MG).
A mineradora informou que abriu diálogo com as quatro comunidades: Goiabeira, Teodoro, Cachoeira de Baixo e Saraiva, situadas na chamada "zona de autossalvamento", que corresponde à área onde não há tempo para que as autoridades competentes atuem em situações de emergência, sendo obrigatório o alerta do empreendedor para que as pessoas possam se salvar sozinhas.
A Anglo American afirma que o povoado de São José do Jassém também poderá ser realocado, embora nos seus cálculos ele esteja a 12 quilômetros da barragem, o que seria legalmente fora da "zona de autossalvamento". Nesta comunidade, vivem cerca de 100 famílias.
Apesar da decisão de negociar a realocação opcional, a Anglo American diz que sua barragem é segura.
"Foi construída com aterro compactado e seu alteamento está sendo feito pelo método a jusante, considerado o mais seguro e conservador. É um método construtivo completamente diferente das que colapsaram em Mariana e Brumadinho, contando com as melhores tecnologias de monitoramento. Estamos em dia com todas as auditorias que geram as declarações de estabilidade exigidas pela Agência Nacional de Mineração (AMN) e Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM)", diz a mineradora.
Minas-Rio
A barragem integra o empreendimento Minas-Rio, que compreende a extração de minério nas serras do Sapo e Ferrugem, o beneficiamento nos municípios de Conceição do Mato Dentro (MG) e Alvorada de Minas (MG) e ainda um mineroduto que percorre 525 quilômetros até um porto em Barra de Açu, no município de São João da Barra (RJ).
Violações de direitos no empreendimento já motivaram uma ação civil pública em que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pede que a mineradora seja obrigada a destinar R$ 400 milhões a um fundo especial para reparação de danos causados às populações de três municípios mineiros: Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim e Alvorada de Minas.
O processo está em tramitação. Além disso, em maio do ano passado, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) lançaram um livro que reúne relatos e informações sobre violações de direitos ocorridos no processo de implantação do Minas-Rio.
Por Agência Brasil/Edição Folha