A época não é muito propícia ao aparecimento de escorpiões, que geralmente se proliferam a partir do mês de setembro, quando o tempo começa a ficar mais quente e úmido. Porém, mesmo fora da época, o aracnídeo está sendo motivo de grande preocupação para os moradores de Guanhães.
Evangelista Pereira Camargo, moradora do bairro Amazonas, contou à reportagem da Folha que em menos de dez dias foram encontrados mais de dez escorpiões em seu bairro e que as pessoas estão apavoradas.
“Achamos escorpiões subindo nas paredes, no sofá, na cortina... Na minha rua tem idosos, crianças, gestantes. Estamos ficando traumatizados.”
Outra cidadã, moradora do bairro Colina Verde que preferiu não se identificar, está decidida a se mudar de onde mora, após ter achado mais de 30 escorpiões dentro de sua residência. Antes do Colina Verde, ela já havia morado no bairro Jardins, de onde se mudou justamente porque foi picada por um.
Infelizmente, o caso dessas duas cidadãs não são os únicos na cidade. Muitos moradores tem se assustado com a quantidade de animais peçonhentos na zona urbana do município. Até em bairros onde não era comum ver escorpiões, tem aparecido.
Renata Silva reside há cinco anos no bairro Horto, e pela primeira vez encontrou ontem a noite um escorpião dentro de sua casa. “Ele estava no meio da área, bem ao lado da bicicleta da minha filha. Era amarelo e grande. Fiquei muito preocupada.”
A reportagem da Folha entrou em contato com a Vigilância Epidemiológica de Guanhães, que informou que desde o mês de janeiro deste ano, houve 55 acidentes envolvendo animais peçonhentos no município, sendo a maior parte por picada de escorpiões: 35; todos sem gravidade ou complicações.
Ainda segundo a VE, com relação ao controle do aracnídeo, as ações são preventivas. Toda demanda de aparecimento de escorpião que chega ao setor, tem sido atendida por Agentes de Endemias treinados para vistoriar os locais, realizar a captura caso encontre o animal, e orientar os proprietários sobre prevenção.
Além disso, a coordenadora do setor, Neusa Mendes, disse à reportagem que os proprietários dos imóveis com acúmulo de entulho estão sendo notificados.
Ao encontrar animais peçonhentos, Neusa solicita que a população sempre entre em contato com a Vigilância Epidemiológica através do telefone: 34212103, para que seja possível tomar as devidas providências.
Dicas de Prevenção
As medidas de controle e manejo populacional de escorpiões baseiam-se na retirada/coleta dos animais e modificação das condições do ambiente, a fim de torná-lo desfavorável à ocorrência, permanência e proliferação destes animais.
Na área externa do domicílio deve-se:
• Manter limpos quintais e jardins, não acumular folhas secas e lixo domiciliar;
• Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes apropriados e fechados, e entregá-los para o serviço de coleta. Não jogar lixo em terrenos abandonados;
• Limpar terrenos e lotes situados a cerca de dois metros (aceiro) das redondezas dos imóveis;
• Eliminar fontes de alimento para os escorpiões: baratas, aranhas, grilos e outros pequenos animais invertebrados;
• Evitar a formação de ambientes favoráveis ao abrigo de escorpiões, como obras de construção civil e terraplenagens que possam deixar entulho, superfícies sem revestimento, umidade etc;
• Evitar queimadas em terrenos abandonados, pois desalojam os escorpiões;
• Rebocar paredes externas e muros para que não apresentem vãos ou frestas.
A dedetização funciona?
De acordo com informações das coordenadoras do setor de Vigilância Epidemiológica e Endemias, Neusa Mendes e Vera Lúcia, não, o controle químico não é eficaz.
O hábito dos escorpiões de se abrigarem em frestas de paredes, embaixo de caixas, papelões, pilhas de tijolos, telhas, madeiras, em fendas e rachaduras do solo, juntamente com sua capacidade de permanecer meses sem se movimentar, torna o tratamento químico ineficaz.
Por Folha