A mulher sempre foi julgada como sexo frágil. No século passado, seu papel era indefinido e sua obrigação era fadada apenas a dedicar-se ao marido e aos filhos, não tendo nenhuma outra participação social. Era marginalizada e não tinha direito a voto e nem trabalho remunerado.

Inferioridade era sinônimo de mulher que, após tantas lutas, vem conseguindo seu espaço como cidadã que possui direito e deveres iguais. A mulher do século XXI deixa claro, que de frágil não tem nada. Embora ainda sofra alguns resquícios de preconceito, ela conquista cada vez mais espaço na sociedade, ocupando lugares que há pouco tempo atrás jamais teria ocupado.

Hoje em dia, basta olhar para o lado para ver grandes exemplos da força feminina, como é o caso da guanhanense Júnia Adrielle .Ela que ainda tão jovem, realizou seu grande sonho e se tornou aos 21 anos, uma juíza de rodeio. Conheça essa história!

Em conversa com a reportagem da Folha, Júnia contou que o amor à prática surgiu através da novela América, exibida pela Rede Globo em 2005, quando ela ainda era apenas uma criança de 7 anos. Só aos 16 anos, ela teve a oportunidade de frequentar as pistas e conhecer melhor os rodeios.

Aos 18 anos, a guanhanense que sempre gostou do modo de se vestir que o esporte exigia, namorou um peão e começou a trabalhar como assistente de pista. Depois teve a oportunidade ser assistente de Juiz.

Depois de um tempo fazendo parte desse mundo, e cada vez mais apaixonada pelo esporte, Júnia decidiu, com o incentivo de um amigo, a correr atrás do sonho. Ela acabou perdendo um curso que teve em Minas Gerais, mas em seguida, surgiu a oportunidade de fazer esse mesmo curso em Jerônimo Monteiro no Espírito Santo, a quase 600 km de Guanhães.

“Quando surgiu essa oportunidade eu corri atrás, trabalhei, foquei, estudei todos os dias antes de ir para o curso. Saí de Guanhães numa quinta-feira e cheguei na sexta de manhã. Fui de carro junto com um instrutor do curso de regras e quatro amigos. Durou um fim de semana e fiquei muito feliz quando chegou a formatura, no domingo, e recebi o certificado”, contou.

A grande surpresa de Júnia, no entanto, foi saber que além do certificado, ela havia sido escolhida para ocupar uma das duas vagas de destaque no curso e, portanto, julgaria um rodeio no Espírito Santo. Vale salientar que a maioria das pessoas com quem a guanhanense fez o curso já eram juízes e trabalhavam na área.

“Fiquei muito surpresa com isso. Esse destaque provou algo importante para mim: que sou capaz de julgar qualquer rodeio como qualquer outro homem. As regras são as mesmas e a honestidade está em quem aplica e as entende. E eu sou capacitada para isso. Sinto muito orgulho de ter chegado aonde cheguei, por ter conseguido realizar esse sonho. Era algo muito importante para mim”, afirmou.

Júnia diz ter recebido muito apoio do namorado e dos amigos, mas enfrentou muitas críticas durante o processo. “Tive pouco apoio em casa e já ouvi muitas críticas, justamente por se tratar de um campo quase 100% masculino. Mas trouxe isso para mim como um ponto a mais de motivação e isso nunca foi motivo para eu pensar em desistir. Foi difícil, mas eu consegui”, finalizou.

Atualmente Júnia Adrielle é a única juíza de rodeio mulher em toda a região.

Nós da Folha FM, desejamos um Feliz Dia da Mulher a todas as mulheres de Guanhães e região. Que todas corram atrás dos verdadeiros sonhos independente de qualquer coisa. Que se enxergue como alguém forte e capaz, e jamais, acredite que é inferior.

Por Folha
Fotos: Arquivo Pessoal