Após um ano do primeiro fechamento do comércio em Guanhães, os empresários da cidade voltam a enfrentar grandes dificuldades após a regressão do município para a ONDA ROXA do Plano Estadual Minas Consciente. Na fase atual, os desafios são ainda maiores, uma vez que as medidas vigentes são mais restritivas do que as praticadas no início da pandemia.
No caso das lojas de roupas, calçados e outros segmentos, por exemplo, no ano passado era permitido o atendimento por Delivery, o que agora não é mais. O funcionamento dos serviços essenciais estava liberado, o que a partir de agora também mudou: com algumas exceções, essas empresas tiveram que reduzir seus horários de atendimento e suspendê-lo por completo durante o final de semana, como no caso dos supermercados.
A reportagem da Folha conversou com alguns empresários que compartilharam o que tem vivenciado nas últimas semanas. Os nomes deles, bem como das empresas serão preservados.
A proprietária de um restaurante situado na área central do município, contou à reportagem da Folha que precisou demitir sete funcionários e não sabe mais como fazer com as despesas fixas, já que a receita está praticamente inexistente: “Está muito difícil. Não sei até quando vamos aguentar. Quando a gente vê que não dá mais, vamos fechar e pronto”, contou.
Já a proprietária de uma loja de roupas situada na Odilon Behrens, além de demitir funcionários, precisou cancelar vários fornecedores: “O medo é de não ter como pagá-los. A situação é realmente muito complicada. Não entra dinheiro”, compartilhou.
Outro empresário do seguimento de vestuário disse que seu maior desafio é manter os custos fixos para manter seu estabelecimento. “Tenho conseguido manter reservas de aluguel e despesas básicas, mas não tem entrado receita. Hora ou outra a conta chega. Caso a situação continue da forma que está, fechar a loja é uma hipótese real, pois ganho no giro. Se não vendo, não consigo pagar despesa nenhuma”, disse.
A situação dos proprietários de salões de beleza também é desafiadora. A reportagem da Folha conversou com um cabelereiro da cidade que trabalha no mesmo espaço há 25 anos. O medo dele é não conseguir pagar mais o aluguel e ter que entregar o ponto. Confira o relato:
“Eu estou quase no vermelho. Se continuar como está, não conseguirei arcar com os custos de água, luz e aluguel e terei que entregar o ponto que paguei por ele. Para piorar, teve um aumento de 10% no aluguel este mês. Sabemos a gravidade da pandemia, mas sinceramente acho que o problema não está na abertura dos comércios. Por aqui tenho todo cuidado ao receber meu cliente, por ele e por mim. Higienizo tudo, controlo o número de pessoas que vão entrar na minha loja. As grandes aglomerações acontecem nas portas das agências bancárias, dos supermercados, nas festas clandestinas, e não aqui no comércio. Fica a pergunta: os salários de quem defende o fechamento do comércio está em dia?”
SUPERMERCADOS
Como dito anteriormente, os supermercados também foram muito impactados pelas medidas vigentes em Guanhães. O proprietário de um deles disse à reportagem da Folha, que além dos prejuízos, o que mais preocupa é a grande aglomeração de pessoas no entorno e no interior desses estabelecimentos.
“As pessoas precisam fazer suas compras. Elas não vão deixar de fazer isso. A maior parte delas trabalha o dia todo e tem apenas o final da tarde e os finais de semana para irem ao supermercado. Então está indo todo mundo junto. Penso que deveria ser justamente o contrário: horário ampliado, tanto em dias de semana quanto aos finais de semana, para reduzir o número de pessoas ao mesmo tempo.”
Outro fato levantado pelo empresário foi a limitação dos estacionamentos: “as pessoas não deixam de vir ao supermercado porque não tem vaga. Elas param os veículos no entorno, o que aumenta a circulação de gente nas ruas. Fora que estamos tendo grandes problemas, de clientes nervosos, que chegam arrebentando a fita, brigando com funcionário.”
Um outro desafio relatado pelo proprietário é a grande demanda: muitas pessoas ao mesmo tempo fazendo compras e o alto número de pedidos delivery. “Está sendo uma grande correria dos meus funcionários para atender toda essa demanda. Eu entendo o lado da vigilância sanitária. Entendo a seriedade do momento, mas pelo que vejo todos os dias aqui, reduzir os horários e os dias de funcionamento dos supermercados, definitivamente não está dando certo. O caminho é justamente o contrário: ampliá-los.”
ACIG
Na manhã desta sexta-feira (26) a reportagem da Folha entrou em contato com a Associação Comercial de Guanhães, que informou as condutas que tem adotado diante da situação. De acordo com a Presidente, Tereza Teixeira Dias, a Associação tem enviado ofícios constantemente ao município de Guanhães a fim de buscar soluções para amenizar o cenário.
Segundo as informações divulgadas, a Associação solicita: flexibilização do delivery pelo comércio classificado como não essencial; isenção ou parcelamento das taxas e licenças municipais; revisão das advertências aplicadas; autorização do trabalho interno; e volta do funcionamento dos supermercados durante o final de semana.
A Associação também recorreu ao Legislativo guanhanense, representado neste caso pelo Sr. Vereador Rodrigo Bretas, a fim de buscar soluções junto à Procuradoria da Prefeitura Municipal.
Por Folha
Foto: Folha (Registro Odilon Behrens - 26-03-21)