O alvo era Marcelo Tadeu Alves Pereira, conhecido como Dupel. Ele é especialista em sequestro de famílias de gerentes de bancos. Desde junho de 2012, Dupel conseguiu mais de R$ 2 milhões, segundo cálculos das polícias, com essa modalidade de crimes e espalhou terror entre as famílias sequestradas. Neste mesmo período, baleou um policial militar, é suspeito de atirar em uma criança, e matar ao menos três pessoas, uma delas o comparsa Rodrigo Moisés de Deus.
Isto poderia ter sido evitado, não fosse a decisão da juíza da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, Raquel Vasconcellos, que mandou soltar o acusado, preso no dia 25 de abril de 2012 pela Polícia Federal (PF). Era a segunda vez que os federais o prendiam. O mandado foi concedido após Dupel ter sequestrado a família de um gerente da Caixa Econômica Federal. No dia 14 de junho de 2012, ele saiu da cadeia pela porta da frente.
Apenas em 21 de junho Raquel Vasconcellos decidiu julgar o pedido da PF e do MPF. Chegou à conclusão semelhante a dos pedidos, mas tardia. “O modo como ele teria participado da ação indica sua periculosidade, sua personalidade voltada à conduta criminosa, o que leva a crer que, se colocado em liberdade, voltará a delinquir”, diz despacho da juíza. Mas já era tarde.
Desde então, o delegado Wanderson e sua equipe passaram dias à procura de Dupel. A espera e as noites sem dormir foram recompensadas na última quarta-feira. Em Guarapari, após três dias no Espírito Santo, Dupel enfim foi preso de novo.
O seqüestro em Sabinópolis
A família do gerente do Banco do Brasil, F. L. A. C., de 42 anos, viveu momentos de tensão e medo na manhã do dia 14 de janeiro em Sabinópolis. Os bandidos renderam a doméstica da casa, a esposa, de 39 anos, e os dois filhos do gerente, um de 12 e outro de 9 anos.
Um dos autores levou a família em um Punto de cor prata, possivelmente de placa HML 8633, que foi roubado em Belo Horizonte, no dia 12 de janeiro. Os outros dois levaram o gerente para a agência, onde pegaram vários malotes de dinheiro. Além da família do gerente, um funcionário do banco, foi feito refém.
Horas depois, a família do gerente foi liberada na cidade de Belo Horizonte, e o funcionário foi deixado juntamente com o veículo da família, um Ford Ecosport, em uma estrada de difícil acesso localizada a mais de 10 km do centro da cidade, sentido a Serro. Segundo a PM, as vítimas não sofreram nenhum tipo de agressão física.
O criminoso Marcelo Tadeu Pereira da Silva, conhecido pela alcunha de Dupel, foi reconhecido por uma das testemunhas como um dos autores do crime, além de um morador da cidade que teria participado da ação.