Entre as vítimas fatais foi identificado Jadson Gonçalves Lage, de 29 anos, da cidade de Dores de Guanhães. Ele e os demais viajantes eram funcionários de uma empresa de Ipatinga e o ônibus havia sido fretado para uma viagem de trabalho.
A reportagem da Folha conversou com o irmão de Jadson, Judson Gonçalves Lage, na zona rural de Dores de Guanhães. Em poucas palavras, ele contou que o irmão já estava há alguns anos nesta mesma empresa e que a família ainda não tem condições de falar sobre o assunto, pois todos ainda estão muito abalados.
Os funcionários estavam sendo levados de volta para casa, após trabalharem, desde terça-feira, 13, em uma mineradora de ouro na cidade de Paracatu. A maioria dos trabalhadores era formada por mecânicos de manutenção.
Segundo trabalhadores que não se feriram, o tubo de aço transportado pelo caminhão, que seguia em direção contrária, teria se chocado ao ônibus, enquanto este veículo tentava uma ultrapassagem. O tubo rasgou toda a lateral esquerda do ônibus. Todos os mortos e feridos graves estavam sentados deste lado.
Segundo informações de testemunhas, ao tentar uma ultrapassagem o ônibus bateu na lateral de um caminhão carregado com um grande tubo de aço. Toda a lateral esquerda do veículo foi arrancada com o impacto.
Motorista do ônibus poderá ser indiciado
O motorista do ônibus da empreiteira, de 38 anos, deve ser indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Segundo o delegado regional André Pelli, responsável pelas investigações, os primeiros levantamentos apontam responsabilidade do condutor.
O inquérito para apurar as causas do acidente foi aberto nesta segunda-feira (19), mas a polícia já colheu os depoimentos dos motoristas da carreta e dos dois batedores. Todos afirmaram que o ônibus fez a ultrapassagem em local proibido e o veículo estaria em alta velocidade.
“A princípio, os trabalhos indicam que o culpado pelo acidente é o motorista do ônibus. Por essas informações, até o momento, ele será indiciado pelo fato de ter ultrapassado onde não poderia. Mas ainda vamos ouvi-lo e apurar outros fatos antes de tomar a decisão”, explica o delegado.
Para a conclusão do inquérito e possível indiciamento do motorista do ônibus, o delegado explica que analisará os relatórios da perícia, os laudos de necropsia das vítimas, o boletim de ocorrência feito pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) e aguardar a evolução do estado de saúde de dois pacientes que estão internados em estado grave.
Caso seja confirmada a culpa pelo acidente, o motorista pode pegar de dois a quatro anos de prisão pelas mortes, pena que poderá ser aumentada se forem considerados os agravantes previstos no Código de Trânsito Brasileiro.
O especialista em trânsito, Paulo Ademar enfatiza que também é preciso apurar qual era o posicionamento do batedor dianteiro no momento do acidente.
Por Samira Cunha