Marcado para começar às 09h, o julgamento começou com mais de uma hora e meia de atraso, devido a demora na remoção do acusado até ao Fórum da Comarca.
Num clima denso, o júri foi permeado por emoção e dor. Por mais uma vez a viúva do fazendeiro, Dorotéia Carvalhaes, revisitou sua dor, ao ser ouvida pelo Juiz Dr. Paulo Eduardo Neves. Dorotéia passou mal durante o depoimento e foi socorrida por familiares. Depois retomou a sua fala e por volta das 13h deixou o Fórum acompanhada por uma das filhas. Em seguida, o juiz ouviu outras testemunhas de acusação e defesa.
O Promotor de Justiça de Paraopeba, Flávio César de Almeida Neves, designado para o júri, afirmou que Peçanha já não é mais uma cidade pacata e se dirigiu aos jurados: “se os senhores absolverem Fernando estarão perpetuando a criminalidade na cidade”.
Por diversas vezes e numa fala emocionada a acusação e sua assistência reiteraram a situação física da vítima, reavivando na memória dos jurados a crueldade com a qual foi morta pelos acusados: “um senhor de 77 anos, fragilizado pelo tempo e já debilitado.”
Segundo o Ministério Público, Fernando era o único que tinha motivos para matar o fazendeiro: “primeiro porque Isnard se recusou a levar a esposa de Fernando, grávida, até à cidade; e segundo por conta de uma dívida de R$ 20,00 que Isnard tinha com o réu.”
De acordo com o assistente de acusação, Dr. Hilário Tavares da Silva, Fernando havia dito que “aquele homem vai comer os seus vinte conto no inferno.” O réu se manteve frio durante todo o tempo e não esboçou nenhuma reação. Esporadicamente quando o promotor intensificava a acusação, apenas balançava a cabeça.
No Tribunal do Júri, as famílias eram tocadas, mexidas e sensibilizadas a cada movimento dos advogados. Enquanto a família Carvalhaes se emocionava com a veemência da acusação, a família do réu se revoltava com a tentativa da acusação de comover os jurados.
Procurando convencer os jurados da inocência do réu, o advogado de defesa buscou no processo o depoimento da mãe de Fernando que dizia que o filho estava em casa no momento do assassinato. Mas não foi o suficiente para convencer os jurados.
O júri decidiu que o acusado deveria pagar pelo crime que tirou covardemente a vida de Isnard Carvalhaes. Depois de mais de 12 horas de júri, Fernando foi condenado a 16 anos de prisão. Já são dois os condenados pela morte do fazendeiro. O terceiro acusado, Marcelo, fugiu da cadeia de Guanhães. Marcelo será julgado à revelia no dia 24 de maio, em Peçanha.
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